Presença de mulheres brasileiras na ciência cresceu cerca de 30% em duas décadas
País aparece em terceiro lugar entre as nações com mais participação feminina na área, atrás apenas da Argentina e de Portugal
Luciane Kohlmann
A presença de mulheres brasileiras na ciência cresceu cerca de 30% em duas décadas. O país aparece em terceiro lugar entre as nações com mais participação feminina na área, atrás apenas da Argentina e de Portugal.
Há quase três décadas no ramo da ciência, a farmacêutica Juliane Fleck enfrentou o machismo até conquistar espaço nas pesquisas de virologia e qualidade ambiental.
"O homem fala uma vez, quando é um pesquisador homem, as pessoas aceitam. Quando a gente é mulher, a gente pode mostrar todos diplomas, todas as qualificações, mas a gente ainda tem que mostrar um pouco mais, então a gente tem que mostrar que realmente sabe o que está fazendo", afirma.
Na lista de artigos científicos publicados no país, a participação feminina está em menos da metade deles, mas vem aumentando. Em 2002, 38% da produção brasileira tinha ao menos uma mulher entre os autores. 20 anos depois, passou para 49%. Os números foram levantados pela Elsevier-Bori, uma empresa de análise de informações.
O estudo mostra que elas dominam as publicações em áreas como farmacologia e psicologia. Em enfermagem, chegam a 80%. Nas áreas de computação, engenharia e matemática, a participação feminina também cresceu, mas ainda está abaixo dos 30%.
Apesar da presença cada vez maior na ciência, o levantamento mostra que, quanto mais experientes são as mulheres, menor a contribuição delas, se comparada a dos homens. Enquanto as pesquisadoras jovens assinam 51% das publicações, a participação das cientistas com mais de 21 anos de carreira cai para 36%.