Número de crianças e adolescentes nas redes sociais cresce; especialistas alertam para uso consciente
Pesquisa feita com estudantes mostra que um quinto deles acessou a internet pela primeira vez antes dos seis anos
O uso das redes sociais por crianças e adolescentes vem crescendo de maneira preocupante nos últimos anos. Uma pesquisa feita com estudantes mostra que um quinto deles acessou a internet pela primeira vez antes dos seis anos. Especialistas reforçam a importância da família para incentivar um uso mais consciente do mundo digital.
Assim como acontece com adultos, as redes sociais exercem fascínio em crianças e adolescentes. “Acho que o entretenimento que gera nas redes sociais, passar o tempo, né?", diz Beatriz Ruiz de Melo, de 12 anos.
A relação com o universo das redes sociais está começando cada vez mais cedo. A última pesquisa sobre o tema, feita pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil, com 2.704 estudantes, mostra que 24% deles acessaram as redes antes dos seis anos de idade, na chamada primeira infância. Além disso, 95% da população entre 9 e 17 anos, o equivalente a 25 milhões de brasileiros, navegam na internet diariamente.
Especialistas alertam que o uso cada vez mais prematuro e frequente das redes sociais é nocivo ao desenvolvimento emocional e social das crianças e adolescentes, porque pode causar dependência e desencadear uma série de problemas, como afetar a saúde mental e física.
“A gente vê crianças que vão desenvolver menos habilidades sociais, crianças que vão desenvolver menos habilidades de psicomotricidade. Os quadros de ansiedade, estresse, e estados depressivos aumentam", explica o psiquiatra da infância e adolescência, Gustavo Estanislau.
No entanto, proibir a abertura de contas nas redes sociais para menores de 14 anos, como prevê uma lei sancionada esta semana no estado americano da Flórida, pode não ser a melhor opção. Para o médico, uma boa alternativa é moderar o uso.
“Os pais têm que funcionar como um filtro dessas atividades, não só do ponto de vista de conteúdo, mas também do ponto de vista de quantidade e tempo de tela", complementa.
A mãe de Beatriz e pedagoga Luciana Fontanetti Ruiz, revela que é isso que procura fazer para que a filha cresça antenada, mas sem os riscos do exagero.
“Você não tem como proibir porque ela vai ficar fora de um mundo, todos os amigos têm. Então, a gente procura mesclar e explicar para ela o quanto faz mal se ela exagerar”, revela.