Multas por embriaguez ao volante aumentaram 22% em todo país em 2023
Especialistas defendem investimento do valor arrecado em iniciativas para educação no trânsito
O número de multas por embriaguez ao volante aumentou 22% em todo o país, nos oito primeiros meses de 2023, em relação ao mesmo período do ano anterior. Desde 2021, motoristas alcoolizados que provocarem morte ou lesão grave no trânsito pode pegar até 8 anos de prisão.
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A Bruna foi uma das milhares de vítimas que a imprudência ao volante faz no Brasil, todos os anos. A atendente de padaria saia do trabalho, com duas amigas, quando foi atropelada, na calçada. Uma das amigas dela, Vitória, está grávida de cinco meses. Em imagens, é possível vê-la socando o capô do carro, revoltada.
Bruna salvou a vida da amiga e do filho dela. "Quando eu olho, o carro já vinha na nossa direção, e sinto a mão da Bruna nas minhas costas. Foi quando ela me empurrou e, em seguida, pegou ela. Saber que ela salvou a minha vida...", relata Vitória.
Depois de 37 dias no hospital, Bruna pode voltar para casa, pouco antes da virada do ano. Por causa do acidente, ela precisou amputar as duas pernas.
O motorista, Antônio Lourenço da Silva, ficou dois dias preso. Ele pagou fiança e responde ao processo em liberdade. O condutor mora na redondeza onde aconteceu o acidente e conhece Bruna.
Antônio Lourenço, que dirigia de chinelos, perdeu o controle do carro, e invadiu a calçada, atingindo a jovem em cheio. O laudo pericial confirmou a presença de álcool no sangue do motorista, acima do permitido por lei.
Lucilene, que tinha acabado de descer do ônibus, foi quem socorreu a Bruna após o acidente. "Coloquei ela no meu colo, ela deitou, e eu falei: 'não dorme, fica comigo'. Eu queria só estar ali para socorrer, e ajudar, e fazer o que estava ali ao meu alcance", ela lembra.
Para o advogado especialista em Direito do Trânsito, Anderson Gomes, faltam ações para a conscientização dos motoristas. "Se houvesse investimento na educação no trânsito, com o dinheiro que é arrecadado com as multas de trânsito, teríamos resultado. Somente utilizar a fiscalização de trânsito como forma de prevenção não vai resolver o problema do trânsito brasileiro", ele argumenta.
O irmão caçula de Bruna, que vive com ela desde que os pais morreram em 2012, diz que a família deve entrar na justiça para buscar os direitos. Até o momento, o motorista pagou R$ 7.800 de ajuda de custos.
"Agora é esperar ela se recuperar 100% para gente ver as medidas cabíveis. É muito revoltante isso, né? É uma lei que reforça muito a questão de 'se beber, não dirija'. Reforçam tanto, para quando acontecer uma situação dessa, o cara estar solto...", afirma Rafael, irmão da vítima.
Bruna morava em uma casa no alto de uma escadaria, porém, agora, vive com a tia, na parte baixa da rua. Familiares ampliaram as portas da residência e construíram uma rampa de acesso, para facilitar sua locomoção. O banheiro também precisou ser adaptado.
A jovem garante que é forte e que vai se adaptar à nova vida: "Vou fazer todas as reabilitações corretas, vou passar por psicólogo, vou passar por fisioterapeuta, e vou fazer tudo certinho para colocar as próteses. Eu só quero Justiça, que o que aconteceu comigo não aconteça com outras pessoas".