Mulher deixa de reconhecer a própria filha após ser atingida por avião; saiba como isso acontece
Kelliane Pereira foi atingida pela asa da aeronave que tentou um pouso forçado em Teresina, ano passado; neurologista explica a situação dela
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Cidade Verde
O trauma de ser vítima de um improvável acidente provocado por um avião em uma avenida de Teresina trouxe sequelas que seguem até hoje na vida da manicure Kelliane Pereira. Ela teve uma perda de memória considerada grave, tendo esquecido inclusive de que tinha uma filha de 8 anos.
"Eu só consigo lembrar de quando eu era adolescente, essas coisas assim, mas coisa de agora, eu não consigo. E essa parte é a que mais me dói, porque você ter uma filha, já quase mocinha, e olhar para ela e não ver que ela é a sua filha, só lembrar de quando era bebê, pra mim é uma situação que até hoje me machuca", disse em entrevista.
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Kelliane estava em uma motocicleta com o marido em Teresina, no dia 8 de setembro de 2024 quando foi atingida por um avião que tentava fazer um pouso forçado após um problema mecânico. Ela foi atingida por uma parte da asa do avião.
O médico neurologista Irapuá Ricarte explica que casos de trauma fortes na região do cérebro, como a sofrida por Kelliane, pode comprometer a região cerebral.
"Cada região do cérebro é responsável por uma função diferente. Se o paciente tiver um trauma direto devido ao acidente, como um sangramento na área da memória, que é o lobo temporal, o paciente fica esquecido. Se for na área da linguagem, região frontal do cérebro, por exemplo, o paciente pode ficar com dificuldade na linguagem, então a sequela vai depender da região do cérebro acometida", detalhou o médico.
Não reconhecia a mãe e evitava criança
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A mãe de Kelliane, a dona de casa Ana Leonora Pereira, disse que a filha não lembrava dela no hospital e que até evitava a própria filha assim que chegou em casa.
"Desde o começo foi desesperador quando ela chegou, que eu começava a falar para a neném: 'vai lá ficar com a mamãe pra ver ela', e eu escutava ela dizer: 'neném, sai daqui, vai pra onde ta tua vó', ai eu falava ' não filha, é tua filha, você precisa dela. Ela tá aqui, ela te ama'. Ela também não conhecia que tinha irmãos, e não me conheceu quando estava no HUT, só quando eu comecei falar pra ela, mostrei foto dela e do esposo dela, aí que ela me chamou de mãe de novo", disse.
Segundo o médico neurologista, casos como o da Kelliane de perda de memória e da capacidade cognitiva podem ser irreversíveis. Ele disse que, embora em alguns casos possa ser revertido, a maior parte costuma ter sequelas.
"Nesse caso de trauma grave, onde acontece uma lesão difusa no cérebro, é muito mais comum ainda a falta de memória ou a perda da capacidade cognitiva. Logicamente é muito comum em alguns casos como esses, o paciente ter uma perda cognitiva irreversível, ele pode até melhorar parte da cognição, mas é muito comum o paciente ainda ficar com algum tipo de sequela", disse.
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Kelliane diz que, hoje, ela se sente feliz na companhia da filha e se preocupa com ela. "Agora eu me sinto tão alegre, e também tem um desespero. Porque ela quando vê que eu to dormindo, me saculeja, trisca em mim, e se eu não acordar imediatamente, ela entra em desespero", citou.