Mortes violentas na Amazônia Legal diminuem, mas índices ainda superam a média nacional
Em 2023, 8.603 pessoas foram vítimas de mortes violentas na região, ante 9.096 em 2021
SBT News
A Amazônia Legal registrou uma queda de 6,2% no número de mortes violentas intencionais entre 2021 e 2023. Mesmo com a redução, a taxa na região, de 32,3 mortes por 100 mil habitantes, é 41,5% maior que a média nacional, que é de 22,8 por 100 mil. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (11) e fazem parte da 3ª edição do estudo Cartografias da Violência na Amazônia, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em parceria com o Instituto Mãe Crioula (IMC).
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No ano passado, 8.603 pessoas foram vítimas de mortes violentas na região – em 2021, foram 9.096. Segundo os pesquisadores, a diminuição segue uma tendência nacional e também está ligada ao domínio territorial de facções criminosas. Em municípios com presença de apenas uma facção, como o Comando Vermelho, que já controla 130 cidades da região, os índices de violência tendem a ser menores.
Embora a região ainda registre altas taxas de violência, os homicídios e outros crimes contra a vida têm diminuído nos últimos anos. Entre 2021 e 2022, houve uma redução de 1,1%, seguida de uma queda de 5,1% de 2022 para 2023. No período de 2021 a 2023, a redução alcançou 6,2%, maior do que a média nacional, que foi de 4,6%.
Conflitos pela terra e facções criminosas
A violência na região tem raízes profundas em disputas territoriais, avanço do narcotráfico e exploração ilegal de recursos naturais. Municípios com monopólio de facções, como o Comando Vermelho (presente em 130 cidades), apresentam menores índices de violência. No entanto, disputas entre grupos rivais tornam outras áreas ainda mais perigosas.
Pequenos municípios, como Cumaru do Norte (PA) e Sorriso (MT) lideram as taxas de violência, transformando-se em epicentros de conflitos agrários e disputas por rotas do tráfico e recursos como madeira e ouro. O desmatamento impulsionado por rodovias, como a Cuiabá-Santarém e a Transamazônica, também contribui para a instabilidade.
Impactos ambientais e socioeconômicos
A exploração ilegal na Amazônia não apenas ameaça a biodiversidade, mas também afeta populações tradicionais. Em 2023, mais de 20 mil propriedades rurais foram registradas ilegalmente em terras indígenas e áreas de conservação, ampliando o desmatamento e os conflitos.
Com a COP 30 (Conferência da ONU para Mudanças Climáticas) programada para Belém em 2025, especialistas alertam que a violência e os crimes ambientais podem comprometer estratégias de bioeconomia e desenvolvimento sustentável.
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Outros dados do estudo
- Violência contra mulheres: em 2023, 629 mulheres foram assassinadas na Amazônia Legal. Apesar da queda em relação a 2022 (691 casos), os feminicídios permanecem 21,4% acima da média nacional;
- Terras indígenas invadidas: mais de 20 mil propriedades rurais ocupam ilegalmente áreas protegidas, incluindo 8.610 sobrepostas a Terras Indígenas;
- Indígenas vulneráveis: a região concentra 56% das vítimas indígenas de violência no Brasil, segundo o Censo de 2022;
- Tráfico de drogas: a apreensão de cocaína cresceu em 2023, reforçando o papel da Amazônia como rota estratégica para o tráfico internacional.
Desafios e caminhos
Apesar dos avanços em questões como o desmatamento, em 2023, o estudo revela a necessidade de políticas integradas e inovações na governança para combater o crime e promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia Legal. A consolidação de operações conjuntas entre forças policiais, órgãos ambientais e o fortalecimento de investigações sobre lavagem de dinheiro são apontadas como medidas essenciais.