Morre Sérgio Cabral, jornalista, compositor e intelectual da MPB aos 87 anos
Pai do ex-governador do Rio foi um dos criadores do semanário "O Pasquim" e chegou a ser preso pela ditadura; foi comentarista e biógrafo do samba carioca
Faleceu na manhã deste domingo (14) o jornalista, compositor e biógrafo de nomes importantes da Música Popular Brasileira (MPB), Sérgio Cabral. Estava internado no Rio de Janeiro, onde foi vereador por três legislaturas (1983 a 1993) antes de se tornar conselheiro do Tribunal de Contas do Município (TCM). Ele tinha 87 anos.
+ Laércio de Freitas, importante pianista e maestro brasileiro, morre aos 83 anos
A notícia foi confirmada pelo filho, o ex-governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, via publicação em seu perfil oficial do Instagram: "Ele resistiu por três meses. Peço que orem por ele, pela alma dele. Por tudo o que ele fez no Rio de Janeiro e no Brasil”, disse.
Não foram divulgadas a causa da morte ou preparativos de um velório aberto ao público.
Carioca, Sergio pai foi um dos fundadores do jornal contraventor à ditadura militar brasileira “O Pasquim”, chegando a ser preso durantes seus anos de atuação na publicação semanal.
Como biógrafo e amante da música nacional, publicou obras que narram a trajetória de nomes como Tom Jobim, Pixinguinha, Nara Leão, Grande Otelo, Ataulfo Alves e Elizeth Cardoso.
Carreira no jornalismo e na música
Cabral começou a carreira em 1957, como repórter policial do Diário da Noite, dos Diários Associados. Doze anos depois, era editor de política no Última Hora - na mesma época, o folhetim contra a gestão militar era criado.
Na MPB, trabalhou com produção entre 1973 a 1981 e chegou a compor, em uma parceria com Rildo Hora, algumas músicas como: "Janelas Azuis", "Visgo de Jaca", "Velha-Guarda da Portela" e "Os Meninos da Mangueira".
Fortemente ligado ao samba do Rio, cocriou o musical "Sassaricando - E o Rio inventou a marchinha". Além de ter integrado, na TV Globo, um júri especializado para as transmissões das escolas de samba na década de 70. Posição que lhe deu uma fama de rigidez.
Pouco antes, na década de 1960, uniu as duas paixões, o jornalismo e a MPB cobrindo os desfiles que ocorriam no centro da cidade.
Comentou o carnaval também na TVE, em 1980, e na TV Manchete, em 1984, 1987, 1989 e 1990.
Homenagens
Carioca de Cascadura e criador em Cavalcante, sua morte foi lamentada por políticos, como a deputada de Niterói (também no Rio de Janeiro) Talíria Petrone (Psol), escritores, a exemplo de Marco Lucchesi, acadêmicos como a professora do departamento de letras da Uerj (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) Norma Lima, nomes da música e outros.
Entretanto, o destaque ficou para seu time do coração: o Vasco. O Almirante, alcunha popular do time nos anos 1950, chamou-o em seu perfil oficial no X (antigo Twitter) de “histórico vascaíno”. Além de destacar uma de suas frases: “O Vasco une a paixão à razão".