Ministério Público pede prisão de policial que matou jovem negro com disparos pelas costas em SP
Promotoria classificou o crime como brutal; Gabriel sofreu ao menos oito disparos após furtar caixas de sabão em pó de mercado
Derick Toda
O Ministério Público de São Paulo (MPSP) pediu a prisão preventiva do policial militar Vinicius de Lima Britto, que matou um jovem negro com ao menos oito disparos enquanto a vítima estava de costas, no início de novembro, na porta de um mercado na zona sul da capital paulista.
O policial alegou que agiu legítima defesa e disse que Gabriel Renan da Silva Soares, que havia furtado caixas de sabão, estava armado. No entanto, imagens de câmera de segurança mostram Gabriel fugindo, sem nenhuma arma.
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O promotor Rodolfo Justino Morais considerou que o crime foi um “homicídio qualificado, delito hediondo que gera medo e desassossego na comunidade local” e que os disparos com o Gabriel indefeso mostram “brutalidade na prática do delito”.
Além disso, ele argumentou que a morte provocada por Vinicius não foi um caso isolado e também baseou o pedido de prisão em reportagens, incluindo o SBT News, que mostra o histórico do militar em casos similares.
Durante uma tentativa de assalto, em dezembro de 2023, em São Vicente, litoral de São Paulo, o policial matou dois jovens negros com 16 disparos, sendo que um dos atingidos foi alvejado nas costas e na lateral do corpo.
Além do pedido de prisão preventiva, o Ministério Público solicitou que os antecedentes criminais de Vinicius sejam atualizados, o laudo necroscópico de Gabriel e a perícia da arma utilizada no crime, além dos exames psicológicos a que o policial foi submetido para o ingresso Polícia Militar.
Em 2021, Vinicius conseguiu a aprovação no teste físico e em outras etapas do concurso da PM, mas reprovou no exame psicológico por descontrole emocional, falta de capacidade de liderança e relacionamento interpessoal adequado.
O militar refez o concurso em 2022, passou em todos os exames e virou soldado da PM.
Caso a Justiça aceite o pedido do MPSP, Vinicius se tornará réu e responderá em processo. Neste momento, ele está suspenso das atividades operacionais após a repercussão das imagens das câmeras de segurança.
Outro lado
O SBT News entrou em contato com o advogado que representa Vinicius, mas não teve resposta. O espaço segue aberto e a reportagem será atualizada.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que não há impedimento legal para uma pessoa prestar um novo concurso da PM após reprovação em tentativa anterior.
"O ingresso de agentes na Polícia Militar segue critérios rigorosos de seleção, incluindo o exame psicológico, avaliado por uma banca de especialistas da área que seguem as normas do Código de Ética do Psicólogo. Os resultados dos testes, que são validados pelo Conselho Federal de Psicologia, levam em conta os dados disponíveis no momento da análise. Cabe reforçar que não há impedimento legal para uma pessoa prestar um novo concurso para a Polícia mesmo após ter sido reprovado anteriormente", declarou a SSP.