Ministério Público abre investigação contra secretário de Campo Grande que elogiou Hitler
Anderson Gonzaga da Silva Assis foi flagrado, em áudio, dizendo que o líder nazista era "estrategista" e "inteligente"
O Ministério Público do Mato Grosso do Sul (MPMS) abriu uma investigação para apurar a fala do secretário especial de Segurança e Defesa Social de Campo Grande, Anderson Gonzaga da Silva Assis, que em um áudio foi flagrado elogiando o alemão Adolf Hitler, líder nazista responsável por um dos maiores genocídios da história da humanidade, o Holocausto.
Na gravação, feita durante uma reunião com membros da Ronda Ostensiva Municipal (ROMU) do município no início deste ano, o secretário afirma que a Alemanha se tornou uma potência "graças a Hitler" e que, apesar de seu regime autoritário, ele era "estrategista" e "inteligente".
"Infelizmente, quando mexe com pessoa, seres humanos, cada um pensa de um jeito [...] Eu tenho a minha consciência, fizeram até videozinho meu aí na internet chamando de Hitler. Eu até admiro Hitler, porque foi um cara inteligente", afirmou.
"Eu queria ser um terço daquele líder", completou Anderson, em referência ao ditador.
Segundo o MPMS, uma Notícia de Fato foi instaurada pelo Grupo de Atuação Especial de Controle Externo da Atividade Policial (GACEP). O órgão deve apurar o caso com a Prefeitura de Campo Grande.
A Notícia de Fato é o início de uma apuração no Ministério Público, instaurada após notícia de suposta violação a direito, ilegalidade ou abuso de direito chegar ao conhecimento da instituição.
Secretário pediu desculpas
Em nota enviada ao SBT News, Assis pediu desculpas e disse que não teve intenção de "minimizar as atrocidades cometidas por Hitler e seu regime".
"Lamento profundamente qualquer desconforto que possa ter causado e reitero meu compromisso com os valores de respeito, ética e humanismo, que são fundamentais para o ambiente de trabalho que todos nós buscamos construir e manter", afirmou.
Apologia ao nazismo é crime no Brasil?
A apologia ao nazismo é crime pela lei nº 7.716/1989 e a pena prevista é de um a cinco anos de reclusão, além de multa.
O que diz a lei?
- Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. Pena: de um a três anos.
- Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbolos, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de divulgação do nazismo. Nesses casos, a prisão pode chegar a cinco anos.