Minas Gerais: 411 mulheres são agredidas todos os dias
Relatório da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública registrou 24 mil casos nos dois primeiros meses do ano
Apenas nos dois primeiros meses do ano, Minas Gerais registrou uma média diária de 411 casos de violência doméstica e familiar contra a mulher, totalizando 24.676, segundo relatório da Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública (Sejusp).
Nos últimos três anos, no período de janeiro a fevereiro, os casos também ultrapassaram 20 mil. Os números, porém, podem ser ainda piores, uma vez que muitas vítimas deixam de denunciar as agressões.
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Não são raros os casos de agressões contra mulheres que escalam ainda mais, resultando na morte das vítimas. Em Minas, dados de janeiro e parciais de fevereiro revelam que neste ano foram registrados 58 feminicídios (15 consumados e 43 tentados).
Patrícia Habkouk, promotora de Justiça e coordenadora do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Combate à Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher (CAOVD) do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), alerta que ataques assim não acontecem de um dia para o outro. “Vêm numa escalada, normalmente uma agressão verbal, depois uma violência psicológica, é um tapa, é um empurrão, é uma desqualificação, até que vem um episódio de violência física.”
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Habkouk também ressalta a importância das delegacias das mulheres e outros recursos ligados ao tema. “O que a gente precisa fazer é seguir firme na lógica de fazer campanhas educativas, informativas, melhorar o acesso das mulheres ao sistema de proteção”, avalia.
Centro de apoio às vítimas
A trágica realidade para mulheres no estado foi uma das motivações para o Ministério Público de Minas Gerais criar o Centro Estadual de Apoio às Vítimas, em agosto de 2023. Nomeado de Casa Lilian, cujo nome remete a um espaço de acolhimento e homenageia Lilian Hermógenes da Silva, servidora do MPMG assassinada a mando do ex-marido em agosto de 2016, o centro será um ponto de atendimento psicossocial para vítimas de todo o estado de Minas.
“Um apoio para que o processo de Justiça não seja um fardo tão pesado como o crime”, descreve a promotora de Justiça Ana Tereza Ribeiro, coordenadora do centro, cuja previsão para inauguração é maio deste ano. O local vai atender de forma humanizada vítimas diretas e indiretas de crimes dolosos contra a vida, violência sexual e crimes de ódio e racismo.