Metanol em bebidas: Brasil já teve outros casos de intoxicação em massa; relembre
Há mais de duas décadas, mortes provocadas pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas já haviam assustado o país
Murilo Fagundes
Os recentes casos de intoxicação por metanol colocam o Brasil em alerta mais uma vez. Há mais de duas décadas, mortes provocadas pelo consumo de bebidas alcoólicas adulteradas já haviam assustado o país.
Mais de 20 anos depois, novos episódios voltam a colocar país em alerta. As ocorrências recentes reforçam os riscos da falsificação de bebidas alcoólicas e da circulação de produtos industriais fora do controle legal.
+ Polícia de SP realiza nova vistoria contra venda de bebidas adulteradas com metanol; veja os locais
Duas história parecidas de intoxicação ocorreram no Brasil. Os casos são semelhantes aos que ocorreram na última semana. Confira:
São Paulo, 1992
Após uma festa em Diadema, na região do ABC Paulista, mais de 50 pessoas deram entrada em hospitais com sintomas como dor de cabeça, náusea e problemas de visão. Em poucos dias, o número de intoxicados ultrapassou 160, com três mortes confirmadas.
Bahia, 1999
Pelo menos 35 pessoas morreram e outras 400 apresentaram sintomas após consumir cachaça contaminada com metanol em dez cidades do estado.
Investigação
O governo federal notificou pelo menos seis estabelecimentos suspeitos e recebe esclarecimentos de empresas possivelmente envolvidas. Investigações buscam identificar conexões entre fornecedores e redes criminosas que possam estar distribuindo bebidas adulteradas.
O ministério abriu duas investigações paralelas: uma voltada à proteção do consumidor e outra conduzida pela Polícia Federal para identificar eventuais ações criminosas na produção e distribuição das bebidas.
+ Pernambuco investiga 4 casos de intoxicação por metanol
Segundo o secretário Nacional do Consumidor, Paulo Pereira, os dados que serão recebidos nos próximos dias permitirão ter mais assertividade da procedência das bebidas
Precisamos saber quais bebidas as vítimas ingeriram, quem são os fornecedores, a documentação fiscal e a comprovação de procedência. A partir de amanhã devemos ter os primeiros resultados, que vão permitir entender, em primeiro lugar, se existem conexões entre os fornecedores”.
Quais as orientações?
- Comprar bebidas somente em estabelecimentos confiáveis;
- Exigir nota fiscal no ato da compra;
- Observar lacres, tampas, rótulos, odor e sabor — qualquer diferença suspeita deve ser reportada imediatamente ao SAC do fabricante.
De acordo com a Associação Brasileira de Combate à Falsificação, produtos vendidos a preços muito baixos ou adquiridos de canais paralelos são grandes sinais de risco de adulteração.
Metanol: uso industrial e risco à saúde
Autoridades destacam que o metanol, substância encontrada em alguns lotes de bebidas adulteradas, é um produto industrial destinado ao setor de combustíveis, sem fabricação nacional para consumo humano. Seu uso indevido em destilados representa grave risco à saúde pública.
+ Ministério da Saúde cria sala de situação para monitorar intoxicações por metanol
Segundo Julio Nishida, superintendente de Fiscalização do Abastecimento da ANP, há preocupação de que cargas de metanol estejam sendo desviadas criminalmente para produção de bebidas. “Estamos utilizando todas as ferramentas de rastreamento e monitoramento para evitar que esse problema se espalhe e se repita”, disse.
Diante da gravidade dos casos, o presidente da Câmara, Hugo Motta, vai incluir na pauta de votação um requerimento de urgência para o projeto que torna crime hediondo a falsificação de bebidas. A iniciativa busca aumentar a punição para responsáveis pela adulteração de produtos alcoólicos e reduzir o risco de novas intoxicações.