Integração entre lavoura e pecuária alinha sustentabilidade com compromisso climático brasileiro
Técnica agropecuária reduz emissões de carbono e fortalece metas do Brasil para o Acordo de Paris
O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) vem se destacando como uma prática sustentável no agronegócio brasileiro, com potencial para reduzir as emissões de carbono. Esse modelo de produção reforça o compromisso assumido pelo Brasil na COP29, que prevê uma ambiciosa redução de gases de efeito estufa de 59% para 67% até 2035.
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Antes de embarcar para o Azerbaijão, onde ocorre a conferência climática, o professor Daniel Vargas, da Fundação Getulio Vargas (FGV), destacou que a meta brasileira está entre as mais ousadas do mundo.
“Em comparação com o que os outros países têm feito, é sem dúvida uma das metas mais ambiciosas do mundo”, afirmou.
A delegação brasileira, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, apresentou um plano abrangente, que inclui todos os setores da economia, em linha com o Acordo de Paris para limitar o aquecimento global a 1,5ºC acima dos níveis pré-industriais.
Por outro lado, a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alerta que a falta de clareza sobre como atingir essas metas pode impactar negativamente a economia, incluindo o setor agropecuário.
No campo, a adoção de práticas sustentáveis já é uma realidade para a família Zanetti, no interior de São Paulo. Giovanni Zanetti relata que, em sua propriedade, as emissões de carbono por tonelada de soja foram reduzidas para 768 kg, abaixo da média nacional de 1.500 kg. Ele atribui os resultados ao uso de ureia natural e adubo orgânico, além da integração lavoura-pecuária.
“Adotamos esse sistema para minimizar riscos climáticos e aumentar a rentabilidade”, explicou.
Pesquisadores da Embrapa ressaltam que o sistema ILP, e sua versão mais avançada com florestas, é uma estratégia eficaz para otimizar recursos e diversificar atividades econômicas. Priscila de Oliveira, da Embrapa Meio Ambiente, explica: “Esse modelo permite a produção de grãos, pastagem e criação de gado na mesma área, aproveitando melhor o solo e aumentando sua fertilidade”.
Estudos do Observatório de Conhecimento e Inovação em Bioeconomia, da FGV, revelam que 31% das propriedades que adotaram o sistema já removem mais carbono do que emitem, reforçando o potencial do Brasil como líder em créditos de carbono. Segundo Paula Parker, chefe da Embrapa Meio Ambiente, “o Brasil tem todas as condições de ser o maior gerador de crédito de carbono do mundo”.
A tecnologia tem desempenhado papel fundamental na expansão da sustentabilidade no agronegócio. Giovanni Zanetti utiliza sensores e programação para otimizar o uso de sementes e evitar desperdícios. Para ele, produzir de forma sustentável agrega valor ao produto.
“Acreditamos que nosso produto será mais valorizado com essa forma de trabalho”, conclui.