Haddad: "É complexo conviver com um presidente do BC que você não escolheu"
Ministro da Fazenda também disse que, com o resultado da inflação de março, seria uma surpresa a taxa de juros da Selic subir
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que está sendo difícil conviver com um presidente do Banco Central que ele não escolheu, em referência ao economista que preside a instituição, Roberto Campos Neto. A declaração foi dada ao jornal Folha de São Paulo.
"Está sendo uma experiência extremamente complexa conviver com um presidente do Banco Central que você não escolheu.", disse
Na entrevista, Haddad disse que seria uma enorme surpresa para ele a taxa Selic subir "com a inflação de março em 0,16%". A taxa vem sofrendo reduções ao longo das últimas reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Em março, o Banco Central decidiu por reduzir mais 0,5%, chegando a 10,75%. A próxima reunião do conselho está prevista para os dias 7 e 8 de maio.
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O ministro também afirmou que o governo de Jair Bolsonaro fez o maior déficit da história e que, ainda assim, os juros da Selic continuaram baixos.
"O governo Bolsonaro fez o maior déficit da história, inclusive por causa da pandemia da Covid-19. Mas mesmo tirando a pandemia, foi o estouro da boiada, furando o teto o tempo inteiro. No pior momento, a Selic chegou a 2%., ressaltou
Aumento da arrecadação federal
Haddad disse que a eliminação de "gastos tributários ineficazes" estão proporcionando o aumento da arrecadação.
"Estamos eliminando gastos tributários absolutamente ineficazes. Já conseguimos fazer muita coisa. A arrecadação, neste ano, está aumentando 8,5% acima da inflação", disse
Responsabilidade fiscal para o Congresso?
Ao ser questionado sobre a declaração do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), que a briga para ver quem manda nos recursos será permanente, Haddad respondeu que o Congresso Nacional também deve ter responsabilidade fiscal.
"É preciso dizer que o Congresso também tem que respeitar a mesma lei. E que atos que não a respeitem precisam ser suspensos. Se o Parlamento tem as mesmas prerrogativas do Executivo, ele deve ter também as mesmas obrigações", protesta
Qual livro Haddad está lendo?
Após Haddad ser cobrado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), de que deveria passar mais tempo conversando no Senado e na Câmara, em vez de ler um livro e ter respondido que “Só faz isso da vida”, ele foi questionado pela Folha sobre qual livro estava lendo:
[Risos] Eu estou lendo as obras do historiador alemão Reinhart Koselleck. Terminei o segundo dos quatro livros que comprei dele, "Estratos do Tempo".