Greve não afeta áreas essenciais, diz presidente do Ibama; concurso ganha detalhes após paralisação
Ex-deputado Rodrigo Agostinho disse que setores de "combate a incêndios, cuidado com a fauna e operações de emergência" não devem ser atingidos por greve
O presidente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Rodrigo Agostinho, disse em entrevista ao Perspectivas que a greve de servidores do órgão, iniciada nessa segunda-feira (24), não afeta áreas essenciais. Também afirmou que o instituto "precisa" de novo concurso público, mas adiantou que informações do certame só devem ser anunciadas após fim da paralisação. Assista no canal do SBT News no YouTube.
"De comum acordo, servidores decidiram não incluir [áreas essenciais na greve]. Combate a incêndios, cuidado com a fauna, operações de emergência não estão incluídas. E a gente espera que [a greve] não afete", explicou Agostinho, ex-deputado federal e ex-prefeito de Bauru (SP).
Agostinho afirmou esperar "muito que saia acordo" e se disse "otimista" com as negociações. "Governo ofereceu de 18% a 30% de aumento no salário base. Estão acontecendo assembleias em vários estados", completou Agostinho, em conversa com a jornalista Paola Cuenca.
Mesmo com a paralisação, o presidente do Ibama afirmou que o órgão está em processo de reestruturação, com recente aquisição de equipamentos e licitação de novas aeronaves. Mas reconhece que a chamada operação padrão, iniciada meses antes da greve, no início do ano, "atrasa ações estratégicas e importantes para a área ambiental do país".
Concurso do Ibama
Agostinho informou que o órgão tem 2.200 vagas em aberto e reforçou a necessidade de concurso público para recomposição de pessoal. No entanto, o certame só deve ganhar detalhes após fim da greve.
"Ministério da Gestão tem sinalizado, de forma positiva, que deve ter concurso. Ainda não está marcado. A gente ainda não sabe quantas vagas [o concurso vai oferecer]. Muito provavelmente, assim que tiver fim da greve, governo sinaliza com datas e demais informações", apontou.
O presidente do Ibama explicou que, na última década, o órgão perdeu "quase 89 escritórios". "Fecharam, a maior parte, por escassez de gente". Ponderou, porém, que uso da tecnologia tem compensado a falta de servidores.
"Com computadores do Ibama, com apoio do Inpe [Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais], conseguimos monitorar desmatamento ilegal, autuar e embargar quase em tempo real", detalhou.
"A pessoa acha que 'ah, servidor está em greve, vou desmatar à vontade porque não vou ser pego'. A gente pega com imagens de satélites em tempo real, o tempo todo satélites nos enviando informações. Obviamente, é grande o desafio. Brasil é país de dimensões continentais", completou.