Governo diz que ranking de percepção de corrupção pode levar a distorções
CGU afirma que combate à corrupção não pode ser tratado como um fator negativo para a avaliação de um país
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Vinícius Nunes
O governo federal, por meio da Controladoria-Geral da União (CGU), reagiu à notícia de que o Brasil caiu no Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2024. Para o governo, o índice pode levar a distorções e não mostra de fato a realidade da luta contra a corrupção no país.
Em nota, a CGU afirma que o IPC mede percepção, não a ocorrência real de corrupção, e que o índice se baseia em pesquisas com grupos específicos, como empresários, e não representa a percepção geral da população.
+ Brasil cai no ranking de percepção de corrupção e atinge pior posição desde 2012
A CGU ainda destaca que os países que combatem corrupção podem ser penalizados no IPC, uma vez que a exposição de casos e investigações impacta negativamente a percepção sobre o problema. "O combate à corrupção não pode ser tratado como um fator negativo para a avaliação de um país?", diz a nota (leia mais abaixo na íntegra).
A pontuação do Brasil, divulgada nesta terça-feira (11), fez o país cair do 104º para o 107º lugar no ranking – pior colocação desde 2012, início da série histórica.
A Transparência Internacional, que organiza o ranking, diz que os países americanos precisam "enfrentar urgentemente" a impunidade. Devem, ainda, proteger o espaço cívico e tomar medidas para conter a influência do crime organizado e das elites na política, diz.
Leia a íntegra da nota da CGU:
A Controladoria-Geral da União (CGU) reforça seu compromisso com a transparência e o combate à corrupção. Por isso, alerta para limitações metodológicas do Índice de Percepção da Corrupção (IPC), da Transparência Internacional (TI). O IPC mede percepção, não a ocorrência real de corrupção, e seu próprio relatório recomenda cautela na interpretação dos resultados, especialmente em relação a variações ("sutis" ou "estatisticamente irrelevantes") da pontuação.
Os países que combatem corrupção podem ser penalizados no IPC, uma vez que a exposição de casos e investigações impacta negativamente a percepção sobre o problema. O combate à corrupção não pode ser tratado como um fator negativo para a avaliação de um país.
O uso do IPC para embasar debates públicos pode levar a distorções, alimentando narrativas que minam a confiança nas instituições democráticas. O índice se baseia em pesquisas com grupos específicos, como empresários, e não representa a percepção geral da população. Além disso, vários eventos mencionados no relatório como fatores negativos para o Brasil ocorreram após o período de coleta de dados do índice, o que compromete a coerência da análise.
Por outro lado, avanços concretos não são devidamente reconhecidos. O Brasil ampliou sua transparência com melhorias no Portal da Transparência, avançou na rastreabilidade de emendas parlamentares e lançou o Plano de Integridade e Combate à Corrupção 2025-2027, com 260 ações estratégicas. Além disso, a CGU bateu recorde de operações contra a corrupção em 2024, totalizando 47 ações.
O Brasil também retoma protagonismo internacional na transparência, sendo sede da COP 30 e fortalecendo sua participação na Parceria para Governo Aberto (OGP). Esses avanços refletem um compromisso sólido com governança democrática, algo que o IPC não mede de forma adequada.
A CGU segue firme em sua missão de garantir uma gestão pública transparente e reafirma a necessidade de um debate mais técnico e fundamentado sobre os métodos de avaliação da corrupção no Brasil e no mundo.