Governo aumenta efetivo da Força Nacional em aldeia após indígenas baleados no Paraná
Medida reforça segurança na região de conflito e busca evitar novos episódios de violência
Warley Júnior
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) aumentou em 50% o efetivo da Força Nacional no oeste do Paraná após uma série de ataques violentos contra uma aldeia indígena Avá-Guarani. No mais recente caso, quatro indígenas foram baleados, incluindo uma criança.
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Segundo o MJSP, a presença da Força Nacional no local visa intensificar o patrulhamento e garantir a proteção dos indígenas na Terra Indígena Tekoha Guasu Guavirá, localizada entre Guaíra e Terra Roxa.
Na noite dessa sexta (3), a Força Nacional foi acionada para atender uma ocorrência de ataque armado. Agentes foram deslocados à região, enquanto as vítimas receberam atendimento da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) e foram encaminhadas para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA).
Reforço na segurança
De acordo com o MJSP, as equipes extras da Força Nacional, que incluem unidades de prontidão e sobreaviso, estarão "totalmente operacionais" ainda neste sábado (4). O policiamento intensivo está sendo realizado de forma integrada com a Polícia Militar do Paraná (PMPR) e a Polícia Federal (PF).
A Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e a Guarda Municipal também atuam no local, apoiando na relocação de famílias para áreas mais protegidas dentro da comunidade. O monitoramento contínuo busca evitar novos ataques e garantir a segurança do povo indígena no local.
Em nota, o ministério destacou que todas as ações estão sendo conduzidas para impedir que episódios violentos contra os indígenas se repitam. "As ações adotadas já restabeleceram a ordem, e medidas preventivas estão em curso para evitar a escalada de tensões", diz o comunicado.
As investigações para identificar os responsáveis pelos ataques estão sob a responsabilidade da PF, que atua em parceria com forças estaduais e federais. Enquanto isso, medidas preventivas seguem em curso para restabelecer a ordem e evitar a escalada de tensões.
A atuação da Força Nacional na região é subsidiária, realizada a pedido das autoridades competentes, e foca em ações de prevenção e fiscalização.
Em nota conjunta, a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), a Comissão Guarani Yvyrupa (CGY), a Articulação dos Povos Indígenas do Sul do Brasil (Arpin Sul), a Articulação dos Povos Indígenas do Sudeste (Arpin Sudeste) e o Conselho Indigenista Missionário (Cimi) criticaram a resposta estatal à violência na região, dizendo que a Força Nacional age "como se nada estivesse ocorrendo".
"A Força Nacional, que foi enviada à região para conter a violência, age, ao que parece, como se nada estivesse ocorrendo. Diante de tantos dias de ataque aos Avá-Guarani, é incompreensível e inaceitável o silêncio do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai. A tática das milícias paramilitares de atacar os Avá-Guarani no final de ano é recorrente e o recesso próprio desse período não justifica a ausência de manifestação dos órgãos públicos federais à sociedade brasileira sobre a situação", diz o comunicado.