Fila do SUS para colonoscopia desafia diagnóstico precoce do câncer de intestino
Pacientes expõem demora na realização de exames essenciais pelo sistema público de saúde

SBT Brasil
A morte da cantora Preta Gil, vítima de um câncer no intestino, trouxe à tona um problema antigo no Brasil: a dificuldade para conseguir fazer uma colonoscopia pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Trata-se de um exame simples, mas fundamental para diagnosticar precocemente a doença — o que pode salvar vidas.
Nailde tem 74 anos e está na fila do exame desde novembro de 2023. Durante esse período, ela chegou a ser internada por problemas intestinais. “Quando eu cheguei mesmo e fui ao hospital, eu já estava com sangramento. E aí, o médico me examinou, fez uma ecografia e exame de sangue e constatou que eu estava com uma infecção intestinal. Aí ele tratou com sete dias de antibiótico e fiquei esperando só pela colonoscopia", contou a aposentada.
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A filha dela, Nice, também precisou do exame. A colonoscopia é a principal ferramenta para diagnosticar o câncer de intestino. Detectado no início, as chances de cura são maiores. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), esse tipo de tumor é o terceiro mais comum no país. Em 2023, mais de 24 mil pessoas morreram por causa da doença — o que representa uma morte a cada vinte minutos.
“A gente tinha uma faixa etária de maior ocorrência dos tumores colorretais ao redor dos 60 anos. Por isso, recomendava-se a prevenção a partir dos 50. Mas hoje existem muitos casos em pacientes com 30, 40 anos”, explica o coloproctologista Daniel Azambuja.
De acordo com o Observatório da Saúde Pública, o número de colonoscopias realizadas no Brasil cresceu. Em 2024, foram mais de 570 mil exames — um aumento de 65% em relação a 2019. Ainda assim, a demanda continua superior à oferta.
A fila para a colonoscopia é organizada por estados ou municípios. Por isso, não há um número exato de quantas pessoas aguardam o procedimento em todo o país. “A maioria dos pólipos, quando identificados no exame, já pode ser retirada na hora. Quando são maiores, às vezes é feita apenas uma biópsia para verificar se há malignidade”, explica o médico.
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Cansada de esperar, a filha de Nailde optou por buscar um plano de saúde para realizar a colonoscopia. O resultado foi alarmante. “Quando eu fiz o exame, eu já estava com 10 pólipos. E o médico disse que, se eu levasse mais cinco anos, estaria tomada de câncer”, contou Nice Matts de Azevedo.