Falta de luz em São Paulo vira briga entre ministro de Lula, Tarcísio e Nunes
Governador acionou o Tribunal de Contas e cobrou o governo. Do outro lado, Alexandre Silveira disse que comando de agência foi definido na gestão Bolsonaro
A falta de luz em São Paulo, que após 48h ainda afeta mais de 600 mil pessoas, virou um motivo para troca de acusações entre o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), o prefeito da capital Ricardo Nunes (MDB) - que tenta a reeleição - e o ministro Alexandre Silveira, no comando da pasta de Minas e Energia.
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Com troca de ofensas em redes sociais, o tom de briga ficou evidente em mensagens de Silveira e de Ricardo Nunes. O ministro criticou contrato feito pela prefeitura de São Paulo, que deixa a transmissão de energia sob comando da empresa Enel até 2028, e ironizou se o monitoramento de podas de árvores seriam uma atribuição do governo federal.
A falta de manutenção de galhos e de remoções de árvores com risco de queda foram o principal motivo para a falha de transmissão elétrica na região metropolitana de São Paulo. Uma tempestade na sexta-feira (11) levou à queda de árvores, em alguns casos, em cima de redes elétricas, o que interrompeu o serviço.
“Prefeito, ainda dá tempo de podar as árvores, antes que o período chuvoso chegue de vez”, escreveu Silveira em uma publicação. O ministro também disse que o ministério fez negociações para conseguir reforços de eletricistas de outros estados, além de equipamentos e veículos para ajudar nas áreas afetadas.
A publicação rebateu um post de Nunes com matérias atribuídas ao ministro para uma possível renovação de contrato com a Enel. “São Paulo não merece que a Enel continue prestando seus serviços aqui”, afirmou Nunes.
Discussão com Tarcísio
Antes da situação, o governador Tarcísio de Freitas afirmou que a concessão da Enel se deu em um contrato que coloca a responsabilidade de fiscalização da concessionária ao governo federal. O republicano ainda disse ter pedido informações do caso junto ao Tribunal de Contas da União (TCU).
“Mais uma vez, a Enel deixou os consumidores de São Paulo na mão. Se o Ministério de Minas e Energia e, sobretudo, a Aneel, tiverem respeito com o cidadão paulista, o processo de caducidade será aberto imediatamente”, declarou o governador.
Silveira, que também respondeu Tarcísio, afirmou que o comando da agência responsável pela fiscalização se deu durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), do qual o governador, à época, era ministro.
O presidente da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval Feitosa, foi indicado pelo ex-presidente em 2021 e seguirá no cargo até agosto de 2027.
Cobrança à Aneel
Alexandre Silveira, deu um dia para que a Aneel defina um plano de contingência para a retomada da energia em São Paulo. A resposta deverá ser apresentada em uma reunião na manhã desta segunda-feira (14), às 10h.
A determinação veio por um ofício, em que Silveira cobra uma ação mais firme da agência e diz que a pasta não irá aceitar "qualquer omissão". O ministro também lembra ter pedido em abril por uma investigação de falhas e transgressões na distribuição elétrica em São Paulo.