Exclusivo: câmera escondida flagra como itens falsos são vendidos na rua 25 de Março, em SP
Reportagem mostra flagras da venda de produtos falsificados; relatório aponta Brasil entre líderes quando o assunto é pirataria
Cristian Mendes
Paula Gaia
“Tudo réplica”, responde o vendedor. O produtor da reportagem do SBT, disfarçado de cliente, quer saber quanto está a bolsa semelhante à marca francesa Louis Vuitton. “R$ 180”.
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No comércio popular da famosa rua 25 de Março, no centro de São Paulo, basta olhar para todos os lados e ver a quantidade quase infinita de réplicas de produtos de marcas famosas, vendidos a preços muito baixos e atraindo milhares de clientes não só da capital paulista, mas de todo o Brasil.
Mais conhecida, a 25 de Março é reflexo de um levantamento internacional que colocou o Brasil entre os líderes quando o assunto é pirataria e falsificação de produtos. Na famosa rua, são roupas, eletrônicos, brinquedos que são vendidos localmente e distribuídos para todos os estados, segundo um relatório divulgado pelo escritório de Representação Comercial dos Estados Unidos no Brasil.
Para Rodolpho Ramazzini, diretor da Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), a falsificação dos produtos prejudica, além das marcas, reduz investimentos no país e gera desemprego. “Infelizmente, a venda desses produtos nesses centros de comercio popular são a principal ponta pela qual esses produtos acabam chegando aos consumidores finais, junto com as plataformas de e-commerce", explica.
Além do prejuízo financeiro, há impactos na saúde e na segurança, já que até medicamentos são pirateados, trazendo riscos sérios aos consumidores. Outro problema é a fiscalização dos milhares de quilômetros de fronteira do país, deixando brechas e locais sem segurança, permitindo a entrada dos produtos ilegais.
Enquanto isso, o movimento na 25 de Março segue intenso, tornando o comércio dos produtos falsificados um desafio para as autoridades. Para Ramazzini, enquanto o preço for fator decisivo, o ciclo será difícil de ser quebrado. Em uma das negociações, um tênis que custa originalmente R$ 1,1 mil, sai por R$ 300 nas lojas populares.
“A alta carga tributária que incide sobre o produto legal faz com que eles tenham um preço muitas vezes não competitivo para classes C D e E, que acabam indo procurar esses produtos que aumentam o apelo que eles têm para o consumidor", finaliza o diretor.