Estudantes ribeirinhos competem em jogos tradicionais na Ilha do Combu, no Pará
Jogos Escolares da Região das Ilhas de Belém reúnem crianças em competições de habilidades típicas da vida à beira do rio
Em Belém, a sétima edição dos Jogos das Ilhas, na Ilha do Combu, estão agitando a comunidade ribeirinha. Até esta sexta-feira, a região, que fica a 20 minutos do centro da capital paraense, reúne quase 500 crianças para participar da competição. A disputa inclui atividades tradicionais da região, como escalar açaizeiros e arremessar cacau.
O triatlo com revezamento é feito de uma forma bem diferente - a corrida é até o açaizeiro. Nela, os estudantes utilizam a peconha, um instrumento típico para subir em palmeiras. Ao invés de nadar ou pedalar, o desafio é escalar a árvore e colocar caroços de açaí dentro de uma garrafa. A equipe que completar a tarefa mais rápido vence.
Milena Batista dos Santos, de 9 anos, treina na árvore que tem no quintal de casa, e o açaí é a fruta favorita dela. "Porque ele é gostoso e tem vitamina", diz a pequena atleta.
Os jogos não são apenas uma competição, mas também uma forma de valorizar a cultura local. As delegações chegam de barco, trazendo os estandartes das escolas pelas águas do rio. A professora Sandra Pereira incentiva os alunos a participar e destaca a importância econômica do açaí na região.
A intenção é fazer os estudantes sentirem orgulho da herança cultural. "É um produto econômico que faz parte do sustento da região, mas o principal objetivo é que ele possa valorizar e sentir orgulho que ele faz parte desse contexto", afirma Sandra.
Outro destaque da competição é Felipe Silva, de 8 anos, que consegue escalar o açaizeiro em poucos segundos. "O papai que me ensinou. Primeiro tem que fazer a peconha, depois tem que aprender a subir rápido", explica Felipe.
Na Ilha do Combu, o rio dita o ritmo da vida e o propósito dos jogos é promover uma educação que respeite o meio ambiente e as tradições locais. O professor Marcelo Furtado ressalta a importância dessa conexão com a natureza: "Quando a pessoa se reconhece como alguém das florestas, das águas, da comunidade, ele começa a valorizar o que tem aqui. Isso é muito importante, não só para eles, mas para todos nós, que precisamos desse meio ambiente vivo", conclui.