Entregadores de app enfrentam fome e jornada exaustiva em meio a protestos por melhores condições
Pesquisa aponta insegurança alimentar entre entregadores e revela rotina de trabalho sem pausas; categoria protesta por reajuste na taxa mínima
SBT Brasil
Uma pesquisa da organização Ação da Cidadania apontou que 13,5% dos trabalhadores de entrega por aplicativos enfrentam fome moderada ou grave — índice maior que a média nacional, que é de 9%. A insegurança alimentar atinge três em cada dez entregadores.
É o caso do entregador Luciano de Oliveira. "Às vezes a gente ganha tão pouco que, se comer na rua, não leva pra casa", conta.
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Mas não é apenas a fome que preocupa esses trabalhadores. A mesma pesquisa mostra que 56,7% deles trabalham todos os dias, sem descanso. E mais da metade atua por mais de nove horas diárias — uma rotina exaustiva, sem tempo nem para uma pausa.
"Preso dentro desse processo de trabalhar todos os dias, mais de dez horas por dia, com um salário muito baixo, sem nenhum tipo de seguro nem assistência em saúde, ele tem todo um processo de futuro comprometido porque não consegue estudar", explica Kiko Afonso, da Ação da Cidadania. "A pesquisa mostra que mais de 90% deles não estão na escola, não estão estudando."
No início da semana, entregadores de todo o país paralisaram as atividades. Entre as reivindicações estão melhorias nas condições de trabalho e um reajuste na taxa mínima de entrega, congelada há três anos em R$ 6,50.
"Se o app colocasse uma taxa mínima de 10 reais, ajudaria todo mundo. Todos os motoqueiros iam trabalhar felizes, a barriga dos nossos filhos ia estar cheinha, e a gente ia trabalhar feliz da vida", diz o entregador Luciano.