Entenda por que Faustão não 'furou a fila' de transplante de rim
Espera pelo órgão é a maior do país, segundo Ministério da Saúde, com quase 40 mil pessoas. Veja como funciona fila
O apresentador Fausto Silva, de 73 anos, passou novamente por um transplante de órgão, nesta segunda-feira (26). Desta vez, Faustão recebeu um novo rim.
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Segundo a equipe médica responsável, do Hospital Albert Einstein, o procedimento foi necessário devido ao agravamento de uma doença renal crônica e foi possível após o hospital ter acionado a Central de Transplante do Estado de São Paulo. A cirurgia ocorreu sem intercorrências e o apresentador seguirá em observação.
Como no transplante do coração, em que Faustão foi submetido cerca de seis meses atrás, ele não furou a fila para receber o novo órgão. Antes de ter o coração transplantado, ele já realizava hemodiálise e apresentava problemas renais. Segundo a Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, o apresentador era o 13º da fila e cumpria os requisitos obrigatórios para a cirurgia. Por já ter sido transplantado anteriormente, ele também tinha prioridade.
Segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, em 2023, entre os 1933 transplantes renais realizados no estado de São Paulo, 34 pacientes passaram pela mesma situação que Fausto Silva: tiveram que fazer o procedimento em caráter de emergência por insuficiência renal causada após um transplante de coração, fígado e pâncreas.
Entenda como funciona a fila para transplante de órgãos no Brasil
De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil tem o maior sistema público de transplante do mundo e a fila é única para a rede privada e pública de saúde. A coordenadora do Sistema Nacional de Transplantes (SNT), Daniela Salomão, explicou que a escolha do receptor do órgão a ser transplantado é feita pelo próprio sistema da Saúde com base em critérios técnicos, que não incluem, por exemplo, o poder aquisitivo e a popularidade do paciente. Também não é possível o médico ou outro profissional da saúde selecionar o órgão e/ou o doador.
"Eu consigo entrar no sistema e saber quem fez cada movimento desse sistema. Mas gerenciamento, criação da lista de receptores para uma determinada doação só o sistema é capaz de realizar", afirmou, ao reiterar que o sistema é "auditável"
Salomão explicou também que o sistema possui uma "lista muito dinâmica", que pode ser alterada diariamente, sempre orientada por critérios. "O transplante não tem uma ordenação tradicional de fila, que é aquela um atrás do outro", completa.
O nefrologista e coordenador de transplante de rim do Hospital Beneficência Portuguesa, José Egídio, disse que a distribuição de rim, especificamente, é baseada em tipo sanguíneo e compatibilidade imunológica entre doador e receptores. Também há prioridade para aqueles que estão impossibilitados de realizar hemodiálise e que necessitem de transplante de rim, além de doadores de órgãos que precisem de um transplante renal.
Outros critérios são os antropométricos (dimensões do corpo) entre doador e receptor e pacientes que possuam risco eminente de morte, segundo a Secretaria Estadual de Saúde.
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Como está a fila para transplante no país?
O rim é o órgão com maior fila de espera no Brasil. De acordo com dados da Saúde, atualizados em 27 de fevereiro de 2024, 38.927 pessoas estão na lista. Ao todo, 69.476 esperam por um órgão no Brasil.
Completam a lista, transplantes apenas de pâncreas com 37 pacientes a espera, sete para intestino e multivisceral (troca de todos os órgãos abdominais), cinco.