Engenheiros e arquitetos divulgam manifesto sobre o sistema de proteção contra inundações de Porto Alegre
Grupo afirma que sistema é eficiente, mas faltou investimento em manutenção por parte da prefeitura
Luciane Kohlmann
Engenheiros e arquitetos da prefeitura de Porto Alegre, ligados ao planejamento e águas pluviais, divulgaram nesta quinta-feira (23) uma carta sobre o sistema anti-cheia da capital gaúcha.
Quase 50 especialistas assinaram o manifesto sobre o sistema de proteção contra inundações de Porto Alegre que, segundo o grupo, é forte, eficiente e fácil de operar. Afirmam, no entanto, que faltou investimento em manutenção por parte da prefeitura. Os profissionais explicaram que as comportas vazaram, inclusive as que deveriam proteger as casas de bombas, provocando problemas em série.
"São dois sistemas que precisam andar juntos, evitar a entrada da água e retirar a água acumulada. Os dois sistemas não funcionaram", afirma a engenheira Nanci Giugno.
Segundo os especialistas, como o sistema colapsou, a chuva torrencial que caiu nesta quinta-feira não teve como escoar.
"As casas ainda não estão todas funcionando, estão parciais. A água que estava saindo é da chuva, está descendo e não consegue ser bombeada. É uma precipitação intensa com sistema no limite", afirma o engenheiro civil Augusto Damian.
No documento, os engenheiros sugerem que, emergencialmente, a prefeitura faça o fechamento das comportas, a vedação mediata e a secagem das casas de bombeamento para poder religar a energia elétrica para o funcionamento pleno do sistema.
Além disso, orientam aumentar o número de bombas flutuantes em operação para drenar a água no centro e no norte da cidade.
O prefeito Sebastião Melo disse que está aberto à colaboração dos técnicos: "eles trouxeram como sugestões, inclusive decisões imediatas. Vou levar em conta todos os documentos que estão chegando".
Na manhã desta quinta, fiscais do Ibama e policiais entraram na pet shop Cobasi que ficou inundada por 20 dias. 38 animais, entre pássaros, roedores e peixes foram encontrados mortos.
Em nota, a empresa alegou que "não foi possível o acesso seguro" para salvar os animais após os funcionários deixarem a loja. Já o shopping afirma que avisou o lojista do risco de alagamento severo e ofereceu assistência para acessar o local, que fica no subsolo. Dos quatro inquéritos que investigam casos de animais abandonados em petshops durante a cheia, dois são contra a rede Cobasi.
"Hoje nós identificamos, inclusive foram apreendidos pela delegacia, quatro CPUs que estavam dentro de um carrinho no andar superior. Foram colocados em local que realmente a água não atingiu, próximo à porta de saída. E não tiveram essa preocupação com os animais, né?", afirma Samieh Saleh, delegada do Meio Ambiente.