“É uma forma de defender nosso espaço”, diz líder indígena após tentativa de ocupação na COP30
Manifestantes, incluindo povos originários, tentaram forçar a entrada na área restrita da conferência e pediram maior representatividade nas discussões

com informações da Reuters
Murillo Otavio
“É uma forma de defender nosso espaço. Para nós, é um momento de revolta, de indignação, é um momento em que nós, povos indígenas, sentimos a derrota do nosso território na nossa própria pele”, disse o líder indígena Nato, da comunidade Tupinambá, em entrevista à Reuters.
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O depoimento se refere à tentativa de ocupação da COP30 por um grupo formado por indígenas e ativistas ambientais, que forçaram a entrada na Cúpula do Clima.
O grupo exigia acesso à chamada “Blue Zone” (Zona Azul), área restrita que reúne representantes de grandes empresas e chefes de Estado e só permite a entrada de pessoas credenciadas.
Os manifestantes afirmaram que a conferência ocorre em território de povos originários, mas sem garantir a eles participação efetiva nas mesas de discussão.
“Estamos aqui para lembrá-los de que a maioria das pessoas ao redor do mundo quer ar limpo, energia acessível, transporte seguro, tudo o que uma transição justa pode trazer”, disse Louise Hutchins, integrante da coalizão "Faça os Poluidores Pagarem”.
De acordo com informações obtidas no local, o protesto começou de forma pacífica e se manteve assim até o limite permitido para participantes sem credencial. Durante o ato, alguns carregavam faixas com críticas políticas, bandeiras da Palestina e gritavam palavras de ordem como “Fora Trump!”.
Os ativistas também exibiram cartazes pedindo uma transição energética justa, que respeite os povos originários e as comunidades afetadas por grandes obras, como hidrelétricas e parques eólicos.
A segurança reagiu empurrando os manifestantes e usando mesas para bloquear a entrada. Uma testemunha da Reuters relatou que um dos seguranças foi levado às pressas em uma cadeira de rodas, segurando o abdômen.
Após o incidente, a Organização das Nações Unidas (ONU) solicitou à Polícia Federal a abertura de um inquérito para investigar o caso.
O SBT News entrou em contato com a ONU e com o governo brasileiro para questionar a participação dos povos originários na conferência, mas não obteve resposta até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.
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