Cresce o número de mortes em atropelamentos com ônibus na Grande São Paulo
Apesar da queda no número de feridos, mortes aumentam; especialistas apontam falhas na frota, jornadas exaustivas e pressão por metas como fatores de risco
Rafael Batalha
do SBT Brasil
Atravessar a rua, mesmo na faixa de pedestres, tem se tornado um risco diário para quem vive na Grande São Paulo. Acidentes envolvendo ônibus continuam acontecendo em plena luz do dia, com vítimas graves e até fatais.
Embora o número total de feridos tenha diminuído, foram 82 neste ano contra 92 no mesmo período de 2024, a gravidade das ocorrências aumentou: o número de pessoas que morrem nessas ocorrências subiu de 8 para 13, segundo o Infosiga, ferramenta do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP).
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Um dos casos mais recentes é o do idoso João Araújo, de 63 anos, que foi atropelado por um coletivo na quinta-feira (08) enquanto atravessava utilizando a faixa de pedestres. O acidente aconteceu na região da Freguesia do Ó, na zona norte da capital, e o motorista alegou que não viu o idoso em função do ponto cego do veículo. A vítima foi socorrida em estado grave e o caso registrado como lesão corporal culposa, que é quando não se tem intenção de fazer.
Situação semelhante foi vivida por uma mulher de 78 anos em Cajamar, na Grande São Paulo, no início do mês passado: ela também atravessava na faixa de pedestres quando foi atingida por um ônibus. Diante as complicações do acidente, as pernas da idosa tiveram que ser amputadas.
Para o advogado e especialista em trânsito Maurício Januzzi, os acidentes refletem uma realidade preocupante do setor.
"São obrigados a trabalhar num regime excessivo em turnos e e contraturnos que não são os ideias para que tenham os reflexos necessários para transportar pessoas e não recebem um treinamento", explicou Januzzi. Ele ainda destaca que os trabalhadores "andam em excesso de velocidade porque são cobrados por eficiência, para fazer com aquela linha circule para que ele cumpra os objetivos da concessão."
Já na visão do diretor do Sindmotoristas, Nailton Francisco de Souza, a renovação da frota e precariedade no atendimento aos funcionários e dos veículos também são pontos estruturais que aumentam os riscos e dificultam um transporte seguro e eficiente.
“Tem muitos ônibus circulando na cidade de São Paulo que já estão com a idade vencida, já eram pra ter sido trocados. O que nós vemos são ônibus o tempo todo quebrados e a falta de ônibus nas linhas, isso irrita a população”, explica o representante dos trabalhadores.