Conselho de Medicina do Pará investiga clínica por irregularidades em mutirão de catarata
Pacientes perderam a visão após cirurgias realizadas em Belém, o que gerou investigações de autoridades
O Conselho Regional de Medicina do Pará (CRM-PA) abriu uma investigação para apurar irregularidades em um mutirão de cirurgias de catarata promovido pela Clínica São Lucas, em Belém. Segundo denúncias, mais de 20 pacientes foram infectados após os procedimentos realizados no início de julho e pelo menos cinco pessoas tiveram que amputar um dos olhos.
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A clínica, que segue em funcionamento normal, registrou uma baixa movimentação de pacientes após o caso vir à tona. Representantes do CRM-PA realizaram uma vistoria e encontraram diversas irregularidades, como relatado pelo vice-presidente do conselho, Lauro Barata.
"Havia pílulas de formol jogadas no chão e fichas de pacientes preenchidas apenas com assinaturas. Também observamos uma máquina de lavar dentro do centro cirúrgico, o que é inadequado, além da autoclave sem registros de tempo adequado para a esterilização dos materiais cirúrgicos", conta.
O CRM-PA se comprometeu a encaminhar um relatório aos órgãos de fiscalização. O Ministério Público e a Polícia Civil já estão investigando o caso.
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, o fato de a inspeção ter sido realizada meses após o mutirão dificulta a investigação. A Vigilância Sanitária autuou a clínica por não notificar o ocorrido, pela ausência de um núcleo de segurança do paciente e pela falta de registros sobre a esterilização dos instrumentos cirúrgicos.
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Além disso, a secretaria apura outras infecções registradas em um mutirão realizado em junho na mesma clínica. Um dos pacientes afetados é o fotógrafo Arimatéia Brito, que perdeu a visão de um dos olhos após a cirurgia.
"Não tenho perspectiva de voltar a enxergar, porque foi confirmado que meu nervo óptico foi danificado", relatou Arimatéia.
Em outro caso relacionado, na cidade de Parelhas, no Rio Grande do Norte, a Secretaria de Saúde confirmou que a infecção dos pacientes foi causada pela bactéria Enterobacter cloacae, comum no intestino. Nove pessoas tiveram que amputar os olhos após o mutirão de catarata realizado na cidade. A principal suspeita é de falha nos procedimentos de higienização e esterilização.
O Ministério da Saúde disse que acompanha as investigações das autoridades de saúde de Belém, no Pará, e de Parelhas, no Rio Grande do Norte.