Condomínio seguro: medidas preventivas podem evitar acidentes graves
Mortes de crianças em acidentes no Rio e SP disparam alerta sobre a segurança das áreas comuns; síndicos são responsáveis pela manutenção e segurança

Simone Queiroz
Natália Vieira
A segurança em áreas comuns dos condomínios ganhou destaque após acidentes fatais envolvendo crianças, registrados este mês no Rio e São Paulo. Os casos repercutiram pelo país e levantaram dúvidas sobre de quem é a responsabilidade pela manutenção dos equipamentos de lazer e regiões de risco em um residencial.
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No ABC Paulista, um condomínio de São Bernardo do Campo com 207 casas e cerca de 800 moradores adotou medidas de segurança para proteger as crianças. Entre as iniciativas, estão a instalação de piso anti-impacto no parquinho, proteção nas correntes para evitar que pequenos prendam os dedos e um botão de pânico na piscina, capaz de desligar os motores em caso de emergência.
A síndica profissional Pamela Navarro explica a importância dessa medida. "Se alguma criança ficar presa, se um cabelo ou qualquer outra coisa for sugado pelo ralo, basta acionar o botão para interromper o sistema de filtragem", detalha.
Além disso, áreas de risco, como a escada das caixas d'água, permanecem trancadas com cadeado. O condomínio também conta com um programa de computador que emite alertas para a manutenção de equipamentos e serviços, garantindo que tudo esteja em conformidade com os padrões de segurança.
"É fundamental mantermos todos os ambientes seguros", reforça Pamela Navarro. "Os pais escolhem viver em condomínio buscando segurança, privacidade e um ambiente harmonioso para suas famílias."
Responsabilidade dos síndicos e dos pais
Especialistas alertam que a segurança e a fiscalização nos condomínios não é apenas um dever da administração, mas também dos moradores. A advogada especialista em direito imobiliário, Viviane Chu Porcel, explica que a responsabilidade é compartilhada.
"O condomínio tem a obrigação de oferecer um espaço seguro, mas o cuidado com a criança é dos pais. Nenhuma criança deve ficar desacompanhada", enfatiza. Ela acrescenta que acidentes podem ocorrer por negligência dos responsáveis aliada a falhas na manutenção.
Gregory Nobre, morador do condomínio de São Bernardo do Campo, citado no início da reportagem e pai de crianças pequenas, concorda com essa visão. "Nos sentimos seguros no condomínio, mas estamos sempre atentos. As crianças têm autonomia para brincar, mas estamos por perto, acompanhando", relata Gregory.
Tragédias recentes
Em São Paulo, uma menina de 12 anos morreu eletrocutada ao brincar de esconde-esconde. Ela entrou em um corredor ao lado da casa de máquinas da piscina e tocou em fios desencapados.
A família relatou que já havia alertado a administradora sobre o problema. A empresa afirma estar revisando os protocolos de segurança e colaborando com as investigações.
No Rio de Janeiro, uma pilastra caiu sobre uma garota de sete anos que brincava no playground do condomínio. Ela não resistiu aos ferimentos. Moradores acusam a administração de realizar uma reforma no local sem autorização da assembleia. O Conselho Regional de Engenharia não encontrou um responsável técnico pela obra, o que levanta questionamentos sobre a fiscalização das construções nos condomínios.
Casos como esses reforçam a necessidade de síndicos manterem rígidos protocolos de segurança e de os pais supervisionarem de perto as atividades das crianças, evitando tragédias que poderiam ser prevenidas.