Filas e falhas marcam primeiro dia de atendimento a segurados do INSS sobre valores cobrados indevidamente
Beneficiários enfrentam problemas para fazer as consultas em agências dos Correios destacadas para verificar possíveis fraudes em descontos
Simone Queiroz
Victor Ferreira
"Saí de madrugada de casa, sem café, sem nada, aperreado, sem dinheiro. E eu tô aqui, e agora suspenderam o sistema. O sistema caiu, não sei onde diabo ele estava amarrado". Esse foi o desabafo de um segurado em Maceió, e a bronca é com o sistema do INSS, que sofreu oscilações na manhã desta sexta-feira (30) devido ao grande número de acessos simultâneos.
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A partir desta sexta, além do aplicativo "Meu INSS" e do telefone 135, os segurados também podem consultar se houve descontos indevidos no benefício nas agências dos Correios. No primeiro dia de atendimento, houve filas em várias cidades.
No Recife, o ministro da Previdência, Wolney Queiroz, chegou a consolar um aposentado vítima de golpe.
Em São Paulo, Zileide da Silva procurou a agência central. "Tinham descontado dinheiro da senhora?" "Pelo menos não", respondeu aliviada.
Francisca Xavier , de 77 anos, já desconfiava que havia sido lesada. "Sempre que eu tirava o dinheiro, às vezes faltava." A suspeita se confirmou. Mas ela só saberá o valor exato em 25 dias, quando deverá retornar à agência.
O presidente do INSS, Gilberto Waller Jr, explicou que a ideia é simplificar o processo. "Ao sinalizar que o desconto é indevido, o INSS já intima automaticamente a instituição para que, em 15 dias úteis, ela junte a documentação comprobatória ou faça o ressarcimento. O pagamento é feito via guia para o INSS e incluído na folha seguinte do beneficiário."
O advogado-geral da União, Jorge Messias, garantiu que o governo não vai esperar pelas empresas. "O governo federal vai pagar com recursos da União e vamos nos ressarcir dessas entidades a partir da venda dos bens bloqueados. A determinação do presidente Lula é que todas as entidades paguem pelos crimes e também pelo dano patrimonial."
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O atendimento presencial ajuda aposentados e pensionistas que têm dificuldade em usar a internet. Nas agências, eles retiram a senha e são atendidos no guichê. O funcionário dos Correios acessa o sistema, faz a consulta e encaminha o caso, se for identificado algum desconto indevido.
A sorte de João Ribeiro foi ter vindo pessoalmente. Ele se aposentou como eletricista, mas vinha sofrendo descontos de uma associação de trabalhadores rurais. Questionado pelo funcionário, ele garantiu que não conhecia a entidade.
