Comissão de Direitos Humanos da Alerj cobra explicações à PM sobre suspeita de racismo
Deputados estaduais receberam quatro dos cinco adolescentes vítimas de uma abordagem policial truculenta ocorrida na zona sul do Rio de Janeiro
A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) recebeu quatro dos cinco adolescentes vitimas de uma abordagem policial truculenta ocorrida nesta semana na zona sul do Rio de Janeiro. Os deputados estaduais que integram a comissão ouviram os detalhes do episódio e enviaram um ofício à Polícia Militar do estado cobrando explicações.
O teor do ofício enviado à PM foi divulgado após o encontro. No documento, a comissão afirmou que os jovens estão traumatizados, evitam sair às ruas, têm medo de encontrar viaturas da PM e receiam que o episódio venha a se repetir. A abordagem ocorreu na noite de quarta-feira (3), em Ipanema, bairro nobre da Zona Sul carioca. Câmeras de segurança registraram a ação.
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Os adolescentes, de 13 e 14 anos, chegavam à casa da avó de um deles. Uma viatura da PM se aproxima e chega a subir na calçada. Dela, saem dois policiais com as armas em punho e as apontam para os adolescentes, que são empurrados para dentro do prédio. Eles são colocados com as mãos para o alto e os rostos virados para o muro. Os três negros - filhos de diplomatas do Canadá, Burkina Faso e Gabão - são revistados primeiro.
Eles contaram à comissão da Alerj que os policiais apontavam as armas contra seus rostos e perguntavam o tempo todo: "cadê, cadê"? Por não entenderem a abordagem, os adolescentes não responderam, o que teria irritado ainda mais os policiais. Segundo os adolescentes, isso teria motivado os policiais a obrigarem o grupo a levantar as partes íntimas, em uma revista vexatória em busca de entorpecentes.
Questionamentos
No ofício à PM, a comissão da Alerj faz as seguintes indagações:
- Foi aberto algum processo administrativo disciplinar sobre a conduta dos agentes?
- Qual a motivação da abordagem policial?
- Quais medidas a instituição está adotando para proteção e atendimento das vítimas?
- Quais os protocolos usados pela corporação nas abordagens a populares?
Investigação
A Polícia Militar do Rio de Janeiro ainda não se manifestou sobre o pedido. A Delegacia Especial de Apoio ao Turismo iniciou uma investigação e deve ouvir os adolescentes. Três deles não são obrigados a prestar depoimento, já que possuem imunidade como filhos de diplomatas. Os jovens devem retornar a Brasília, onde moram, na segunda-feira (8). Os dois policiais militares são investigados por injúria racial.