“Cidades precisarão ser preparadas para eventos climáticos extremos”, analisa professor da UnB
Em entrevista ao SBT News, Rafael Rodrigues da França falou sobre as fortes chuvas que atingem o RS
Samir Mello
Leonardo Cavalcanti
Em entrevista ao SBT News, Rafael Rodrigues da França, professor de Geografia da Universidade de Brasília (UnB), falou sobre os fortes temporais que atingem a região do Rio Grande do Sul. Para ele, tais eventos climáticos extremos serão cada vez mais comuns e o poder público precisará agir para mitigar seus efeitos.
+Sobe para 39 o número de mortos pelas chuvas no Rio Grande do Sul
“A população sofrerá com as mudanças climáticas em três níveis: conforto térmico, chuvas e poluição atmosférica. O poder público tem condições de trabalhar para mitigar os efeitos dessas questões com políticas mais arrojadas, preparando a cidade do século 21 para eventos climáticos extremos, que serão cada vez mais frequentes, como fortes chuvas e secas, inundações, furacões, tornados, etc”, analisou Rafael.
Entre as ações que podem ser tomadas, segundo o professor, estão usar a terra de forma mais sustentável, optar por fontes mais renováveis de energia e criar mais áreas verdes. “O Distrito Federal é um ótimo modelo do caminho a ser seguido. Outras grandes cidades, como São Paulo e Belo Horizonte, por exemplo, já se encontram em situações mais críticas, pois esconderam seus rios e córregos. No lugar deles, temos avenidas e outros problemas com resíduos sólidos, problemas de drenagem micro e macro etc”.
Rafael revelou também que mesmo nos modelos matemáticos mais otimistas, a temperatura da terra continuará subindo, uma consequência da atividade industrial, que emite diversos gases e alteram a composição da atmosfera, então, ele alerta, o uso mais sustentável da terra se torna urgente.
El Niño
Sobre as chuvas que estão atingindo a região sul do país, o professor Rafael França explicou que esse desastre natural pode ser explicado, em parte, pelo fenômeno El Niño. “Não se sabe exatamente a origem do fenômeno, mas sabemos que ele mexe com a circulação atmosférica de todo o planeta. Lugares onde deveriam estar frio, fazem calor e vice-versa. O sul se encontra no meio de um bloqueio atmosférico, com as frentes frias não avançando além da região”, disse.