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Cidades gaúchas devem mudar de lugar após impactos das enchentes no RS

Ruas inteiras da cidade Cruzeiro do Sul não existem mais; a região foi uma das que o sistema de alerta para enchentes não funcionou

Cidades gaúchas devem mudar de lugar após impactos das enchentes no RS
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Enquanto alguns municípios do Rio Grande do Sul ainda esperam a água baixar, no Vale do Taquari, técnicos estão fazendo a avaliação do solo de várias cidades que terão que mudar de lugar no mapa devido à destruição. Especialistas dizem que a maioria das mais de 400 cidades afetadas terão que fazer mudanças, desde a área urbana até as propriedades do interior.

Ruas inteiras de Cruzeiro do Sul não existem mais. "Para frente não tem mais acesso, chega um certo ponto é obrigado a sair, só com máquina ou trator”, desabafa o motorista Silvério Geher.

Em meio aos escombros, mesmo que algumas casas do município não estejam completamente destruídas, os moradores nem pensam em retornar. Os imóveis estão abandonados. A região foi uma das que o sistema de alerta para enchentes não funcionou e a maioria precisou ser resgatada.

"A minha irmã, a minha mãe, cada uma de nós tínhamos uma casinha no mesmo pátio. Levou tudo, foi tudo, desabou tudo”, relata a diarista Amanda Franciele Angelo.

A cidade de 12 mil habitantes está tomada por lama e entulho. A rua e a casa da Amanda não existem mais. "Eu não me vejo morando em outro lugar, aqui é o meu chão, eu tô com esperança que eu vou conseguir um cantinho para mim”, afirma.

Só no Vale do Taquari, pelo menos três cidades terão que mudar: além de Cruzeiro, Roca Sales, Arroio do Meio e Encantado. Júlio Pedrassoli, coordenador da equipe urbana do MapBiomas, explica que a maioria das cidades afetadas pelas inundações terão alterações.

"Não adianta a gente aterrar as beiras dos rios para colocar imóveis. Nós vamos ter que repensar a forma de ocupar essas cidades como um bem comum”, explica o especialista.

Três semanas depois do início das inundações, os técnicos trabalham na análise do solo de Cruzeiro do Sul. A prefeitura está mapeando áreas de risco. No entanto, já existe a possibilidade dos moradores não conseguirem mais voltar para a cidade, principalmente porque a região fica muito próxima ao Rio Taquari e também ao Arroio Sampaio.

"Em muitos lugares, nem o terreno existe mais, o rio levou tudo e com esse trabalho, a gente consegue fazer um levantamento bem claro de áreas que vão deixar de existir para residência”, opina o operador de drone João Carlos Tomazini.

Para o comerciante Pedro Angélico Pereira e a esposa, dona Rosane Helena Pereira, nenhuma mudança no mapa vai fazer eles voltarem para Cruzeiro do Sul.

"Morar definitivo, pretendo não morar mais, vou morar com a filha, com o genro”, revela.

Em setembro, o casal foi resgatado pelo exército na enchente do ano passado. Logo depois, chegaram a comemorar o nascimento das bezerras gêmeas Lama e Labareda.

"Dessa vez perdemos elas e a mãe delas. No total, nós perdemos 15 cabeças", revela ela, que agora se apega às lembranças, sem o apego pelo o que levado pela força da água.

"Nos amávamos aquele lugar, era tudo que nós sempre sonhamos, mas ficamos vivos para contar a história para os netos”, afirma.

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