Caso Larissa: motorista que levava passageiro que abriu porta de carro presta novo depoimento à polícia
Larissa Barros estava na garupa de um mototáxi da empresa 99, quando foi arremessada com o motociclista depois da porta do carro ter sido aberta

Fabíola Corrêa
Derick Toda
O motorista de aplicativo que levava o passageiro do carro que teria aberto a porta e causado o acidente que matou Larissa Barros Máximo Torres, de 22 anos, presta um novo depoimento à Polícia Civil, nesta quarta-feira (28).
A jovem estava na garupa de um mototáxi da empresa 99 quando chegava próxima do semáforo da avenida Tiradentes, na região central de São Paulo. Ela foi arremessada com o motociclista depois de a porta do carro ter sido aberta e eles colidirem.
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Informações iniciais apontavam que Larissa teria sido vítima de um atropelamento em seguida. No entanto, ela e o motociclista se chocaram com um carro próximo depois de serem arremessados.
O motorista do carro Claudio Mota levava o economista João Pedro Baptista, de 27 anos, e o advogado Felipe Moutinho Garcia, 28, em uma corrida pela Uber. Em uma primeira versão à polícia, Claudio afirmou que os jovens estavam "brincando" de descer do veículo.

O boletim de ocorrência diz que João "abriu a porta e nesse momento passava a motocicleta [que Larissa estava], que colidiu com a porta do veículo". Em depoimento, João afirmou que "estava embriagado e não sabia dizer se abriu ou não a porta do veículo. Que não nega que abriu, mas que não se recorda de ter feito".
Felipe disse à polícia que "não viu nada do que aconteceu e que apenas ouviu o barulho e depois se deu conta que se tratava de um acidente".
Há uma expectativa de que os dois possam ser ouvidos pela Polícia Civil nesta semana. No entanto, segundo o advogado que os representam, eles ainda não foram intimados e devem prestar novos esclarecimentos apenas na semana que vem. O advogado diz que João "não contribuiu para a ocorrência do fatídico acidente".
Disputa judicial

A morte de Larissa ocorreu em meio a uma disputa jurídica entre as empresas de transporte por aplicativo 99, Uber e a Prefeitura de São Paulo. A principal alegação da administração municipal diz respeito à falta de regulamentação para o transporte remunerado de passageiros por motocicletas, além de riscos à segurança viária.
A Justiça de São Paulo voltou a proibir, na segunda (26), que as plataformas Uber e 99 operem o serviço de mototáxi na capital paulista. A nova decisão, assinada pelo desembargador Eduardo Gouvêa, reforça o impedimento determinado no último dia 16 e determina multa de R$ 30 mil por dia caso as empresas descumpram a ordem judicial.
O desembargador afirma que as plataformas estão atuando "em completo desprezo" à proibição anterior, além de acusar a Uber e a 99 de "má-fé" por manterem o serviço "em busca de lucro a qualquer custo, mesmo em sacrifício da segurança da população paulistana".
A 99 havia argumentado que não existia comando judicial em vigor obrigando a interrupção do serviço 99Moto.
Em nota, a 99 e a Uber afirmaram ter suspendido temporariamente o serviço de mototáxi na cidade. A prefeitura disse que "tem destacado os riscos do transporte de passageiros em motos por aplicativo" e que o "transporte de passageiros por motocicletas 'não se mostra aderente aos elementos de segurança viária em face da realidade da cidade de São Paulo'", segundo especialistas ouvidos pela gestão municipal.