Brasil tem maior número de feminicídios e estupros contra mulheres nos últimos 5 anos
Dados são do Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública
Emanuelle Menezes
O Brasil registrou um aumento nos casos de violência contra mulheres em 2024, segundo o Mapa da Segurança Pública de 2025, divulgado nesta quarta-feira (11) pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública. Feminicídios e estupros contra vítimas do sexo feminino alcançaram o maior número em cinco anos.
O crime de feminicídio, quando uma mulher é morta "em razão do gênero, em contextos de violência doméstica, familiar, ou por menosprezo e discriminação relacionados à condição do sexo feminino", bateu o recorde da série histórica: em 2024, foram 1.459 casos, o equivalente a quatro mulheres mortas por dia. O número é 7% maior que o registrado em 2020, primeiro ano do levantamento do governo.
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A Região Centro-Oeste manteve a maior taxa de feminicídios do país, com 1,87 casos por 100 mil mulheres em 2024, superando a média nacional de 1,34. Já a Região Sudeste apresentou a menor taxa, com 1,16 casos por 100 mil mulheres. Entre os estados, Mato Grosso (2,47) e Mato Grosso do Sul (2,39) se destacam com as maiores taxas, enquanto Amapá (0,50) e Sergipe (0,84) apresentaram os menores índices do país.
Enquanto as mortes de mulheres cresceram, outros tipos de assassinatos caíram. Os homicídios dolosos tiveram um recuo de 6,33% em comparação a 2023, passando de 37.754 vítimas para 35.365. Os latrocínios (roubos seguidos de morte) caíram 1,65% em relação ao ano anterior – foram 972 vítimas em 2023, contra 956 em 2024.
Já os estupros de mulheres também registraram o maior número em cinco anos. Em 2024, 71.834 mulheres foram estupradas, uma média de 196 vítimas por dia. O número é 0,10% maior com relação a 2023 e 26% maior em comparação com o primeiro ano do Mapa da Segurança Pública, 2020 (56.869 mulheres estupradas).
A taxa de mulheres estupradas corresponde a 86,4% do total de estupros ocorridos no Brasil no ano passado (83.114). O estado de São Paulo teve o maior número de vítimas do sexo feminino, com 13.790 casos. O número está próximo do total registrado em toda a Região Nordeste. O Paraná aparece em segundo lugar, com 5.922 vítimas, seguido pelo Rio de Janeiro (5.013) e pelo Pará (4.898).

Os indicadores, que contemplam o período de janeiro a dezembro de 2024, foram coletados por meio do Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública) junto às Unidades da Federação. A extração dos dados foi feita em 13 de fevereiro de 2025, data considerada como referência para os resultados apresentados.
Como denunciar violência contra a mulher
- Ligue 180: Central de Atendimento à Mulher
O atendimento funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados, e está disponível também no WhatsApp pelo número (61) 9610-0180. A ligação é gratuita.
O serviço telefônico do governo federal orienta e encaminha denúncias de violência contra as mulheres, bem como os locais de atendimento mais próximos e apropriados para cada caso, como as Delegacias de Atendimento à Mulher (Deam).
- 190: Polícia Militar
Em caso de emergência, também é possível ligar para o 190 e pedir o auxílio da Polícia Militar. O atendimento telefônico é gratuito e funciona 24 horas por dia, incluindo sábados, domingos e feriados.
- Polícia Civil: Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher (DEAMs) e Delegacias de Defesa da Mulher (DDMs)
Mulheres que são vítimas de algum tipo de violência, tanto doméstica como familiar, podem denunciar seus agressores por meio de um boletim de ocorrência de forma presencial, em uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAMs) ou Delegacia de Defesa da Mulher (DDM).
Caso não encontre uma especializada, a mulher pode prestar queixa na delegacia mais próxima.
Quem pode denunciar?
Qualquer pessoa pode fazer uma denúncia e auxiliar mulheres em situação de violência. Ao contrário do ditado popular, em briga de marido e mulher se mete a colher, sim.
A denúncia de conhecidos e vizinhos, por exemplo, pode fazer toda a diferença entre uma agressão e um feminicídio. O Ligue 180 preserva o anonimato dos denunciantes.