Brasil cai dez posições em ranking que avalia corrupção, diz Transparência Internacional
Integridade do país está abaixo da média global, das nações da América do Sul, G20, Brics e integrantes da OCDE
O Brasil caiu dez posições no Índice de Percepção de Corrupção e agora é o 104ª país mais corrupto do mundo, segundo o ranking da Transparência Internacional, de 2023, divulgado nesta terça-feira (30).
O indicador de corrupção mostra que o Brasil perdeu 2 pontos e registrou nota de 36 no Índice em que, quanto mais alta for a avaliação de 0 a 100, melhor é a percepção de integridade do Estado.
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O Índice de Percepção da Corrupção é o principal indicador de corrupção no mundo. Produzido pela Transparência Internacional desde 1995. Ele avalia 180 países e territórios
Como parâmetro, o Brasil está abaixo da média global de 43 pontos, abaixo da média regional para Américas também de 43 pontos e abaixo da média dos países que formam o bloco dos Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) com 40 pontos.
A comparação fica ainda mais distante quando é realizada com integrantes do G20, composto pelas 19 principais economias do mundo, mais a União Africana e a União Europeia, com 53 pontos e com membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) com 66 pontos.
Veja a nota do Brasil nos últimos anos:
- 2012: 43 pontos
- 2013: 42 pontos
- 2014: 43 pontos
- 2015: 38 pontos
- 2016: 40 pontos
- 2017: 37 pontos
- 2018: 35 pontos
- 2019: 35 pontos
- 2020: 38 pontos
- 2021: 38 pontos
- 2022: 38 pontos
- 2023: 36 pontos
Segundo o Índice, os anos em que Jair Bolsonaro esteve na Presidência da República, entre 2019 e 2022, deixaram a lição de como, em um curto período, os marcos legais e institucionais anticorrupção, que levaram décadas para ser construídos, podem ser destruídos.
Ainda de acordo com a pesquisa, o primeiro ano de Luiz Inácio Lula da Silva deixa a lição de como é ou ainda será desafiadora reestruturação.
“De modo geral, o novo governo vem falhando na reconstrução dos mecanismos de controle da corrupção e, junto deles, do sistema de freios e contrapesos democráticos”, avalia o Transparência Internacional.
Além disso, o órgão destaca que a falta de independência no sistema jurídico do país enfraqueceu o sistema de Justiça.
“A reconstrução do pilar jurídico ainda vem sendo negligenciada frente ao desmonte promovido durante o governo Bolsonaro. Com as nomeações do advogado pessoal do presidente para a primeira vaga aberta no Supremo Tribunal Federal (STF) e a escolha de um novo procurador-geral da República fora da lista tríplice evidenciam que muito ainda precisa ser feito para resgatar a autonomia do sistema de Justiça", analisa.
Como um dos principais arranjos prejudiciais para o Governo Federal, o envio de emendas ao centrão promoveu um déficit nas contas públicas foi um dos principais destaques apontados pela Transparência Internacional.
"A decisão do STF que decretou a inconstitucionalidade da distribuição secreta, desigual e discricionária do orçamento público por meio do mecanismo do orçamento secreto não impediu o Congresso e o governo Lula de encontrarem rapidamente um arranjo que preservasse o mecanismo espúrio de barganha, que manteve vivos velhos vícios aperfeiçoados durante a gestão Bolsonaro", completa.
O país considerado mais íntegro pelo ranking foi a Dinamarca, que somou 90 pontos. Em contrapartida, a Somália, com 11 pontos, é a nação com a maior percepção de corrupção.
Veja os melhores colocados:
- Dinamarca: 90 pontos
- Finlândia: 87 pontos
- Nova Zelândia: 85 pontos
- Noruega: 84 pontos
- Cingapura: 83 pontos
Veja os piores colocados:
- Iêmen: 16 pontos
- Sudão do Sul: 13 pontos
- Síria: 13 pontos
- Venezuela: 13 pontos
- Somália: 11 pontos
Veja o desempenho dos países da América do Sul:
- Venezuela: 13 pontos
- Paraguai: 28 pontos
- Bolívia: 29 pontos
- Peru: 33 pontos
- Equador: 34 pontos
- Argentina: 37 pontos
- Colômbia: 39 pontos
- Guiana: 40 pontos
- Suriname: 40 pontos
- Chile: 66 pontos
- Uruguai: 73 pontos