Associação oferece atendimento psicológico para apostadores
Um estudo aponta que quase 15% da população brasileira realiza apostas online
Marco Pagetti
A Associação Nacional de Jogos e Loterias vai iniciar um projeto-piloto para apoiar a saúde mental de apostadores, oferecendo atendimento psicológico.
A medida surge em meio ao aumento de jogadores que veem nas apostas uma forma rápida de ganhar dinheiro, o que pode levar à ludopatia, uma condição de compulsão por jogos de azar.
De acordo com um levantamento, 4 em cada 10 jogadores enxergam as apostas como uma solução imediata em momentos de necessidade financeira. Essa situação pode desencadear outros problemas, como a perda do controle sobre o hábito de apostar.
Selo de adequação e controle dos apostadores
A associação, que representa grandes plataformas de jogos no Brasil, também anunciou a criação de um selo de adequação. Este será destinado a casas de apostas que estiverem em processo de regularização junto ao Ministério da Fazenda.
Segundo Plínio Lemos Jorge, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias, um controle mais rígido será implementado: "O primeiro passo é retirar menores de idade e pessoas politicamente expostas, além de realizar o reconhecimento facial e documental de cada apostador a cada saque ou depósito. O Ministério vai controlar quem está apostando, utilizando o CPF para identificar o perfil de cada jogador."
Iniciativa de saúde mental para jogadores
O projeto-piloto voltado à saúde mental será realizado em três comunidades de São Paulo, ao longo de dois meses. A partir dos resultados, as plataformas poderão adotar medidas como limitar o número de apostas diárias ou, em casos mais graves, excluir o perfil do usuário.
Eduardo Pedrosa, coordenador de Saúde Mental da Somente, destaca a importância do estudo para entender o perfil dos jogadores no Brasil: "Vamos fazer uma análise com 21 mil pessoas para identificar o perfil do ludopata brasileiro, incluindo classe social e nível de escolaridade."
Preocupação com o fácil acesso às apostas
Especialistas alertam que o fácil acesso às plataformas de apostas pode aumentar o número de pessoas com dificuldade para manter uma relação saudável com os jogos de azar. Pedro Pan, psiquiatra e professor da UNIFESP, ressalta: "Em momentos de instabilidade emocional, buscar alívio por meio das apostas pode facilitar a perda do autocontrole."
Depoimento de quem viveu o descontrole
Anselmo Bulgarelli, empreendedor, compartilha sua experiência e alerta para os riscos das apostas descontroladas: "Muita gente acha que vai fazer uma renda extra, que é só uma brincadeira. Mas não percebem a gravidade da situação. Eu perdi mais de um milhão de reais antes de entender que estava doente."