Rio Xingu: Agência Nacional de Águas declara situação crítica de escassez hídrica
Hidrelétrica de Belo Monte, que representa 11% da capacidade de geração de energia do sistema nacional, está instalada no rio amazônico
A Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) aprovou, nesta segunda-feira (30), a declaração de situação crítica de escassez hídrica no Rio Xingu e no Rio Iriri, afluente dele, com vigência até o próximo dia 30 de novembro.
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A usina de Belo Monte, a maior hidrelétrica 100% brasileira, está instalada do Rio Xingu, que banha os estados de Mato Grosso e Pará. A hidrelétrica tem capacidade instalada de 11.233 megawatts, o equivalente a 11% do Sistema Interligado Nacional. Belo Monte opera a fio d'água, isto é, aproveitando a força da correnteza dos rios para gerar energia elétrica, sem precisar de grandes reservatórios de água.
Segundo a ANA, a declaração tem como objetivo aumentar a segurança hídrica da região por onde passam os rios, reduzir os impactos dos baixos níveis dos rios sobre os usos da água e comunicar à população a gravidade da seca, permitindo uma melhor gestão dos recursos. Ela ainda sinaliza aos usuários que a agência, se for preciso, poderá mudar regras de uso da água e adotar outras medidas.
A ANA explica que, segundo os institutos de climatologia, a chuva acumulada na bacia hidrográfica do Xingu entre outubro de 2023 e setembro de 2024 foi abaixo da média, e essa tendência continua no período seco atual. "As anomalias negativas de chuva afetaram os níveis na bacia do Xingu, especialmente no trecho de Altamira, que estão abaixo dos valores mínimos já observados para essa época do ano", diz a agência.
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Ainda de acordo com o comunicado, as vazões naturais da Usina Hidrelétrica de Belo Monte este ano estão menores do que em 2023 e próximas das mínimas históricas. Os cenários para as chuvas em 2024 indicam a possibilidade de serem atingidos níveis ainda mais críticos nos rios Xingu e Iriri nos próximos dois meses, prejudicando não só a geração de energia.
Esta é a quarta declaração de escassez hídrica emitida pela ANA em 2024. No último mês de maio, foi declarada na Região Hidrográfica do Paraguai. Depois, em julho, houve declaração para o Rio Madeira e para o Rio Purus e seus afluentes, rios Acre e Laco. Já em 23 de setembro, foi declarada situação de escassez hídrica no trecho baixo do Rio Tapajós.