Acidentes com ônibus deixam vítimas graves e expõem riscos na Grande São Paulo
Dados do Infosiga-SP apontam aumento no número de vítimas fatais em acidentes com ônibus nos dois primeiros meses de 2025

Marco Pagetti
Dois acidentes graves envolvendo ônibus chamaram a atenção nesta semana na Grande São Paulo e acenderam o alerta sobre a violência no trânsito e as condições de trabalho de motoristas do transporte coletivo.
Na zona leste da capital, uma mulher foi arrastada por um cabo solto da fiação elétrica enquanto caminhava com o marido pela calçada. O impacto jogou a vítima na direção de um ônibus, que a atingiu em cheio.
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O helicóptero Águia da Polícia Militar foi acionado para socorrer a pedestre, que teve ferimentos nas pernas e suspeita de fratura na bacia. Ela foi levada consciente ao hospital.
Outro caso aconteceu na última segunda-feira (7), em Cajamar, na região metropolitana. Uma idosa de 78 anos foi atropelada ao atravessar na faixa de pedestres. O motorista prestou socorro, mas foi preso em flagrante e vai responder por lesão corporal culposa, quando não há intenção de ferir.
A vítima foi internada em estado grave e, por causa dos ferimentos, precisou amputar as duas pernas.
Número de mortes
De acordo com dados do Infosiga-SP, sistema do Detran-SP, o número de vítimas fatais em acidentes com ônibus aumentou nos dois primeiros meses de 2025. Foram 13 mortes, contra 8 no mesmo período do ano passado — mesmo com uma queda no número total de sinistros.
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Para o advogado e especialista em trânsito Maurício Januzzi, os acidentes refletem uma realidade preocupante do setor.
“Muitos motoristas são obrigados a trabalhar em jornadas exaustivas, sem o treinamento adequado. Eles são cobrados por produtividade, o que muitas vezes os leva a dirigir em alta velocidade para cumprir metas da concessão”, explica.
Casos extremos também envolvem violência e intolerância no trânsito. Em 2023, um motorista jogou o ônibus contra um pedestre após uma discussão — episódio registrado por câmeras de segurança.
Para o especialista, a saída passa por um tripé básico, mas ainda distante da realidade brasileira. “Educação, fiscalização e punição. O motorista, seja ele de ônibus ou de carro, precisa entender que, se cometer um delito de trânsito, será punido. Só assim vamos reduzir a violência”, afirma Januzzi.
Enquanto isso, passageiros e pedestres seguem expostos aos riscos de um sistema que falha tanto em proteger a vida quanto em valorizar os profissionais que o mantêm em movimento.