Deputados do PL e PT debatem decisão do STF contra Jair Bolsonaro
Sóstenes Cavalcante critica medidas e protocola "moção de louvor" ao ex-presidente; Rogério Correia enfatiza legalidade e respeito a decisões do Supremo

SBT News
Em um contexto político delicado para Jair Bolsonaro, o deputado federal Sóstenes Cavalcante, líder do Partido Liberal (PL) na Câmara dos Deputados, protocolou nesta sexta-feira (18) um requerimento de moção de louvor ao ex-presidente, destacando programas sociais, como o Auxílio Brasil, e a redução de impostos federais, como o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), como justificativas para a homenagem.
O pedido de reconhecimento ocorre justamente no dia em que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o uso de tornozeleira eletrônica e outras medidas cautelares contra o ex-presidente, como proibir que o ex-presidente deixasse o Distrito Federal sem autorização judicial, utilizasse redes sociais e mantivesse contato com investigados, entre eles seus filhos, o vereador Carlos Bolsonaro e o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro.
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As medidas judiciais foram tema de debate no programa Poder Expresso, do SBT, protagonizado pelo deputado federal Rogério Correia (PT-MG) e Sóstenes Cavalcante, que representaram a base do governo e a oposição na casa legislativa, respectivamente.
O líder do PL disse não ter se surpreendido com a decisão do Supremo, a qual classificou como “perseguição sistêmica” conduzida pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem acusou de agir com “ódio mortal” contra Bolsonaro e sua família, e parte da direita conservadora. Ele também criticou a proximidade entre Moraes e o Executivo federal, citando a restauração do decreto que aumentou o IOF como exemplo.
Para Sóstenes, a proibição de comunicação entre Bolsonaro e seus filhos foi a punição mais severa imposta ao ex-presidente, mais impactante até do que o uso da tornozeleira eletrônica, classificando-a como “uma punição desumana” que abalou profundamente o ex-presidente.
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Rogério Correia, por sua vez, afirmou que "eles não são vistos como pai e filhos, mas, sim, como articuladores de uma ofensiva contra o Estado democrático de direito”. O parlamentar ainda afirmou que as medidas do STF foram recebidas “de forma tranquila e com alívio” pela base do governo.
Correia ainda destacou que Eduardo Bolsonaro teria viajado aos Estados Unidos para boicotar o Brasil e sabotar a economia e a democracia, com ataques ao Supremo Tribunal Federal e ao Poder Judiciário, numa tentativa de promover um novo golpe semelhante ao ocorrido em 8 de janeiro.
O petista ressaltou que o julgamento começará em agosto e que o resultado deve sair em setembro, prevendo a condenação do ex-presidente com base nas provas apresentadas. Já Sóstenes manifestou confiança na força política de Bolsonaro e sua possível volta “mais forte nas eleições de 2026”, afirmando que ele não tem um nome a indicar para substituí-lo no pleito.
O embate também abordou os impactos da crise política no Congresso Nacional. Sóstenes criticou a baixa produtividade legislativa no primeiro semestre, que classificou como a menor em 20 anos, e admitiu que o PL tem usado a obstrução para pressionar pela anistia aos envolvidos nos atos de janeiro.
Já Correia defendeu a aprovação de pautas sociais e econômicas, como a isenção do Imposto de Renda para quem recebe menos de R$ 5 mil, e reafirmou que o processo seguirá seu curso democrático com tranquilidade e que, apesar da gravidade da tentativa de golpe, o sistema político brasileiro se mantém sólido.