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"70% dos abusos sexuais infantis acontecem dentro de casa, por familiares", diz Luciana Temer

Advogada e presidente do Instituto Liberta chama a atenção para a importância de abordar o tema logo cedo na educação das crianças

"70% dos abusos sexuais infantis acontecem dentro de casa, por familiares", diz Luciana Temer
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No Brasil, todos os anos, cerca de 500 mil crianças e adolescentes são vítimas de violência sexual, o que coloca o país na segunda posição no ranking de países com maior número de ocorrências de abusos e exploração sexual infantil. Os dados são do Instituto Liberta, organização social que trabalha pelo fim das violências sexuais contra crianças e adolescentes.

“Quatro menores de 13 anos são estuprados por hora no país. Falar sobre isso tira a violência da invisibilidade”, alerta Luciana Temer, presidente do Instituto, em entrevista ao SBT Brasil. Segundo a advogada, 70% dessas violências acontecem dentro de casa, cometidas por familiares. A apresentadora Michelle Barros, do Chega Mais, relatou nesta terça-feira (4), ao vivo, que foi vítima de abuso na infância.

“O silêncio é muito grande. Enquanto a gente silenciar essa violência, a gente não vai poder trabalhar com ela. O Liberta acredita que é muito importante que os adultos entendam que não há nenhum problema ou constrangimento em ter sido vítima de violência sexual na infância. Primeiro porque, em cada 10 adultos, três foram vítimas, e depois porque não há nenhuma culpa ou responsabilidade por parte da criança”, reforça.

Familiares e conhecidos são responsáveis por 68% dos casos de violência sexual contra crianças de 0 a 9 anos no Brasil. Entre as vítimas de 10 a 19 anos, o crime é cometido por pessoas próximas em 58,4% dos casos, segundo dados do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde.

“É importante entender que a violência sexual infantil não começa de forma violenta, mas de uma forma sedutora. É uma pessoa conhecida, de que a criança gosta. Se a vítima não sabe que aquilo não é uma violência, ela entende que é uma brincadeira, porque é isso que é dito. Por isso, é importante falar para as crianças, mesmo aquelas muito pequenas. Hoje há materiais adequados para fazer essas conversas, sem falar de sexo e violência, mas ensinando a criança a se proteger”, diz Luciana.

Ficar atento aos sinais e aos comportamentos das crianças é fundamental para quebrar o ciclo de violação de direitos. “Sempre que a criança muda muito de comportamento, como não dormir, não comer, tem algo acontecendo com ela. Não necessariamente uma violência, mas algo não está normal”, alerta Luciana, que indica a leitura de materiais que tratem do assunto de forma sutil para introduzir a temática na educação.

“No site do Instituto Liberta tem uma curadoria de livros indicados para cada idade. Dá para ler com a criança uma história que dê a ela uma percepção do que pode ou não pode acontecer. É importante falar do assunto. Se tiver acontecido com ela algo parecido com aquilo, ela vai poder entender aquele desconforto e vai falar. Às vezes a criança se sente incomodada, mas não sabe traduzir. Até porque a gente não consegue falar sobre o que a gente não sabe o que é. Tente abordar, mas não diretamente, com o uso de materiais adequados, que são construídos com muito cuidado para que as crianças não se assustem, mas fiquem em alerta”, afirma.

Nos cinco primeiros meses de 2024, foram registradas 14.468 denúncias relacionadas à violência sexual de crianças e adolescentes no país, segundo o Painel de Dados da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Um levantamento do Anuário Brasileiro de Segurança Pública mostra que 64,4% das vítimas de estupros registrados no país são menores de 13 anos. Cerca de 10% destes casos são de crianças com menos de 4 anos. Apesar de alarmante, Luciana afirma que o aumento do número de denúncias é uma boa notícia quando o assunto é o combate à violência.

“Nós temos tido um aumento das denúncias ano a ano e, para o Liberta, essa é uma boa notícia. Porque isso não significa necessariamente que os casos aumentaram, mas que as denúncias, sim. A violência sempre esteve na nossa sociedade, o que a gente está conseguindo fazer é tirar ela debaixo do tapete. Denunciar é o primeiro passo para acabar de fato com ela. Como a gente sabe que 10% dos casos são denunciados, temos uma margem muito grande ainda para crescer esses números, infelizmente”, afirma.

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