Fuvest terá pela 1ª vez lista de livros obrigatórios escritos somente por mulheres
Objetivo é promover escritoras e valorizar o papel das mulheres na literatura
A Fuvest, vestibular de acesso à Universidade de São Paulo (USP), prepara-se para uma revolução em sua lista de leitura obrigatória. A partir de 2026, pela primeira vez na história do exame, apenas obras de mulheres autoras da língua portuguesa comporão a seleção, em uma iniciativa ousada que exclui nomes tradicionais como Machado de Assis.
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Entre 2026 e 2028, os vestibulandos deverão se debruçar sobre obras de escritoras brasileiras e estrangeiras, destacando-se Clarice Lispector, Conceição Evaristo, Djaimilia Pereira de Almeida, Julia Lopes de Almeida, Lygia Fagundes Telles, Narcisa Amália, Nísia Floresta, Paulina Chiziane, Rachel de Queiroz e Sophia de Mello Breyner Andresen.
Maria Arminda do Nascimento Arruda, presidente do Conselho Curador da Fuvest e Vice-Reitora da USP, destacou que essa renovação visa valorizar não apenas o papel das mulheres na literatura como personagens, mas principalmente como autoras, muitas das quais sofreram décadas de invisibilidade devido ao simples fato de serem mulheres.
A mudança, segundo Aluísio Cotrim Segurado, Pró-Reitor de Graduação da USP e membro do Conselho da Fundação, é corajosa e necessária, mantendo a qualidade que sempre caracterizou a lista da Fuvest.
Gustavo Ferraz de Campos Monaco, diretor executivo da Fuvest, enfatiza que a opção pela predominância de autoras mulheres na nova lista não significa menosprezar a contribuição literária masculina. Segundo Monaco, a decisão visa, principalmente, trazer à luz e valorizar obras muitas vezes desconhecidas, destacando a importância das mulheres no cânone literário ao longo de diferentes períodos históricos e em uma variedade de gêneros.
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No vestibular para ingresso em 2025, os homens ainda constam na lista, mas a partir do ano seguinte, a Fuvest escreverá um novo capítulo em sua trajetória, destacando e reconhecendo o papel fundamental das mulheres na literatura de língua portuguesa.
A partir de 2029, os autores homens da literatura brasileira e de língua portuguesa retornarão à lista, representando um equilíbrio entre os gêneros. Machado de Assis, Érico Veríssimo e Luís Bernardo Honwana serão incluídos, e quatro obras escritas por autoras e autores negros também farão parte da seleção.
Abaixo, segue a lista de leitura obrigatória para cada ano entre 2025 e 2029:
2025
- Alguma Poesia - Carlos Drummond de Andrade
- A Ilustre Casa de Ramires - Eça de Queirós
- Água Funda - Ruth Guimarães
- Dois irmãos - Milton Hatoum
- Marília de Dirceu - Tomás Antônio Gonzaga
- Nós matamos o cão tinhoso! - Luís Bernardo Honwana
- Os ratos - Dyonélio Machado
- Quincas Borba - Machado de Assis
- Romanceiro da Inconfidência - Cecília Meireles
2026
- As meninas (1973) - Lygia Fagundes Telles
- Balada de amor ao vento (1990) - Paulina Chiziane
- Caminho de pedras (1937) - Rachel de Queiroz
- Canção para ninar menino grande (2018) - Conceição Evaristo
- Memórias de Martha (1899) - Julia Lopes de Almeida
- Nebulosas (1872) - Narcisa Amália
- O Cristo Cigano (1961) - Sophia de Mello Breyner Andresen
- Opúsculo Humanitário (1853) - Nísia Floresta
- A visão das plantas (2019) - Djaimilia Pereira de Almeida
2027
- A paixão segundo G. H. (1964) - Clarice Lispector
- A visão das plantas (2019) - Djaimilia Pereira de Almeida
- Balada de amor ao vento (1990) - Paulina Chiziane
- Caminho de pedras (1937) - Rachel de Queiroz
- Canção para ninar menino grande (2018) - Conceição Evaristo
- Geografia (1967) - Sophia de Mello Breyner Andresen
- Memórias de Martha (1899) - Julia Lopes de Almeida
- Nebulosas (1872) - Narcisa Amália
- Opúsculo Humanitário (1853) - Nísia Floresta
2028
- A paixão segundo G. H. (1964) - Clarice Lispector
- A visão das plantas (2019) - Djaimilia Pereira de Almeida
- Balada de amor ao vento (1990) - Paulina Chiziane
- Canção para ninar menino grande (2018) - Conceição Evaristo
- Geografia (1967) - Sophia de Mello Breyner Andresen
- João Miguel (1932) - Rachel de Queiroz
- Memórias de Martha (1899) - Julia Lopes de Almeida
- Nebulosas (1872) - Narcisa Amália
- Conselhos à minha filha (1842) - Nísia Floresta
2029
- Canção para ninar menino grande (2018) - Conceição Evaristo
- Conselhos à minha filha (1842) - Nísia Floresta
- D. Casmurro (1899) - Machado de Assis
- Geografia (1967) - Sophia de Mello Breyner Andresen
- Incidente em Antares (1970) - Érico Veríssimo
- João Miguel (1932) - Rachel de Queiroz
- Nebulosas (1872) - Narcisa Amália
- Nós matamos o cão tinhoso! (1964) - Luís Bernardo Honwana
- A visão das plantas (2019) - Djaimilia Pereira de Almeida
Para obter mais informações sobre as autoras escolhidas, basta acessar o informativo do jornal da USP.
*Estagiário sob supervisão de Camila Stucaluc