Onda de calor: influência da crise climática foi maior que fenômeno El Niño
Aumento drástico das temperaturas deve ficar mais frequente com avanço do aquecimento global
Camila Stucaluc
Um estudo da World Weather Attribution concluiu que a influência da crise climática foi muito maior do que o atual fenômeno El Niño para os extremos de temperatura que atingiram o Brasil em setembro. A onda de calor foi responsável, por exemplo, por temperaturas recordes para o período dos últimos 63 anos em São Paulo e Cuiabá.
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Segundo a análise, assinada por 12 autores, a onda de calor do início da primavera foi ao menos 100 vezes mais provável devido à mudança do clima causada pela ação humana. Isso porque o fenômeno El Niño poderia ter contribuído com o aumento das temperaturas, mas, sem a crise climática, a intensidade da onda de calor não seria tão forte.
A onda de calor extremo analisada compreendeu o período de 17 a 26 de setembro, quando a massa de ar quente prevaleceu no sudeste e centro-norte do país. O pico de calor foi registrado em 25 de setembro, com anomalias de temperatura 7ºC acima da média para o período, como foi registrado no sul da Bahia e no leste de Goiás e Mato Grosso do Sul.
Usando o período de retorno de 30 anos, os pesquisadores concluíram que a intensidade, ou magnitude, de um evento de 10 dias que aconteceu em 2023 teria sido muito menor no passado. Além disso, eles calcularam que o evento de calor foi aproximadamente um evento de 1 em 30 anos no clima de hoje, ou seja, considerando o aquecimento global.
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Com a crise climática, a perspectiva é de que ondas de calor se tornem ainda mais comuns e com extremos de temperatura cada vez maiores. Caso a temperatura média global atinga 2°C acima dos níveis pré-industriais, um evento de calor como este será cerca de cinco vezes mais provável e 1,1 a 1,6 °C mais quente do que hoje.