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Multinacional será julgada pela Justiça por contaminar rios do Pará

Mineradora norueguesa é acusada de contaminar com rejeitos de minérios rios da região de Barcarena

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Divulgação
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Uma tragédia ambiental. É assim que os moradores ameaçados pelos riscos da contaminação definem a situação ondem vivem. A líder comunitária, dona Socorro do Burajuba, lembra quando viu pela primeira vez o rio Murucupi contaminado há 14 anos.

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Ela diz que via "aquela coisa espumante dentro do igarapé, deixava a gente tonto e coçava muito a mão". O rio corta o Quilombo onde dona Socorro vive, a comunidade São Sebastião do Burajuba.

A pesquisadora da Universidade Federal do Pará, Simone Pereira, participou das análises químicas das águas do rio. Segundo ela, a lama vermelha que corre pelas águas é resultado da extração de alumina de bauxita e que matou milhares de peixes. Simone diz que os animais morreram por falta de oxigênio, que baixou a quase nível zero e deixou os peixes sem ar. 

Veja reportagem:

Denúncia do Ministério Público

Em 2012, o Ministério Público denunciou a Alunorte pelos transbordamentos de rejeitos sólidos que contaminaram a bacia que compreende os rios Murucupi e Pará.

A Justiça Federal do Pará marcou para o dia 4 de setembro o julgamento da ação. A audiência de instrução será na 9ª Vara da Justiça Federal, em Barcarena.

A empresa também é acusada de dificultar a fiscalização do Ibama e até hoje não pagou a multa de mais de R$ 17 milhões aplicada na época.

A Alunorte disse em nota que não cometeu nenhum crime."Com relação à ação proposta pelo Ministério Público Estadual (MPE), a Alunorte nega a ocorrência de crime e prestará todos os esclarecimentos necessários à Justiça, como vem fazendo ao longo do processo". 

Sofrimento dos moradores

Enquanto não se apuram as responsabilidades pelo desastre ambiental, quem mais sofre são os moradores ribeirinhos da região. Em 2018, um novo vazamento de bauxita contaminou os rios com metais pesados como chumbo, arsênio e mercúrio.

Esses elementos químicos foram detectados no sangue e cabelos dos moradores. A pesquisadora da UFPA reafirma a denúncia contra a Alunorte. De acordo com ela, "eles só fazem correção de ph e pluvidez, eles não retiram os metais, continuam lá os efluentes sendo jogados 24 horas lá no rio Pará." 

Impactos econômicos

Além de afetar a saúde das pessoas, a contaminação dos rios também causa impactos econômicos, como explica o comerciante Henrique Nery. Ele diz que "as pessoas se afastam e procuram outro local. É o receio de vir pra cá e ser também contaminado".

A líder comunitária Socorro do Burajuba reforça que "hoje nós não podemos comer nada, nós não podemos vender, nós não podemos ir no rio tomar banho, nós estamos bebendo uma água envenenada".

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