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Famílias chefiadas por mulheres negras são mais atingidas pela fome

Pesquisa divulgada nesta 2ª feira (26.jun) evidencia que a falta de comida está ligada à discriminação racial e de gênero

Famílias chefiadas por mulheres negras são mais atingidas pela fome
Prato sem comida
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Uma em cada cinco famílias chefiadas por pessoas autodeclaradas pardas ou pretas no Brasil sofre com a fome. O dobro em comparação aos lares chefiados por pessoas brancas (10,6%). A situação é ainda mais grave quando se leva em conta o gênero: 22% dos lares chefiados por mulheres autodeclaradas pardas ou pretas sofrem com a fome, quase o dobro em relação a famílias comandadas por mulheres brancas (13,5%).

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Os dados, divulgados nesta 2ª feira (26.jun), foram obtidos pelo recorte de raça e gênero do 2º Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil (VIGISAN), da Rede Penssan, e são referentes ao período entre novembro de 2021 e abril de 2022.

"A falta de alimentos e a fome são maiores entre as famílias chefiadas por pessoas negras, principalmente mulheres negras. Precisamos urgentemente reconhecer a interseção entre o racismo e o sexismo na formação estrutural da sociedade brasileira, implementar e qualificar as políticas públicas tornando-as promotoras da equidade e do acesso amplo, irrestrito e igualitário à alimentação", afirma a professora Sandra Chaves, coordenadora da Rede Penssan.

Emprego e renda ajudam na alimentação, mas de forma distinta

A situação de emprego e trabalho também influenciou a segurança alimentar das famílias no final de 2021 e início de 2022, segundo a cor da pele autodeclarada da pessoa responsável. Onde havia desemprego ou trabalho informal, a fome se fez presente na metade dos lares chefiados por pessoas negras, comparado com um terço dos lares chefiados por pessoas brancas. Na condição de desemprego, a insegurança alimentar grave, ou seja, a fome, foi mais frequente em domicílios chefiados por mulheres negras (39,5%) e por homens negros (34,3%).

Quando a pessoa responsável pelo domicílio tinha emprego formal, e a renda mensal familiar era superior a 1 salário mínimo per capita, a segurança alimentar se fez presente em 80% dos lares chefiados por pessoas brancas e em 73% dos chefiados por pessoas negras.

Maior escolaridade não é suficiente

Ainda segundo a pesquisa, nem mesmo uma maior escolaridade (quando a pessoa no comando da família tem 8 ou mais anos de estudo) protegeu as famílias de mulheres negras da falta de alimentos. Um terço delas (33%) sofrem com insegurança alimentar moderada ou grave, comparado com 21,3% de homens negros, 17,8% de mulheres brancas e 9,8% de homens brancos.

Crianças em casa e menos comida na mesa

A fome foi uma realidade para 23,8% das famílias que tinham crianças menores de 10 anos e eram chefiadas por mulheres negras. Neste grupo, apenas 21,3% dos lares encontravam-se em segurança alimentar, menos da metade do que foi encontrado nos lares chefiados por homens brancos (52,5%) e quase metade do que ocorre nos domicílios chefiados por mulheres brancas (39,5%).

33,1 milhões de brasileiros impactados pela fome

Em dados gerais divulgados anteriormente, o estudo apontou que cerca de 33,1 milhões de brasileiros não tinham o que comer diariamente no período, quase o dobro do registrado no início da pandemia de covid-19, em 2020, quando foram contabilizados 19 milhões moradores com fome.

No total, são 14 milhões de novos brasileiros em situação de fome em pouco mais de um ano, sendo que mais da metade da população (58,7%) vivia com algum grau de insegurança alimentar -- leve, moderado ou grave. Com isso, os dados apontam que o país regrediu para um patamar equivalente ao da década de 1990. 

Em números absolutos, são 125,2 milhões de brasileiros que passaram por algum grau de insegurança alimentar, o que corresponde a um aumento de 7,2% desde 2020.

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