Publicidade
Brasil

"Precisamos garantir acesso à educação midiática", diz João Brant

Secretário de Direitos Digitais e Educação Midiática da Secom falou ao SBT News sobre projetos

Imagem da noticia "Precisamos garantir acesso à educação midiática", diz João Brant
João Brant, secretário de Direitos Digitais e Educação Midiática da Secom falou ao SBT News
• Atualizado em
Publicidade

O desenvolvimento de políticas públicas para tornar a educação midiática uma realidade nas escolas brasileiras foi uma das principais pautas do Encontro Internacional de Educação Midiática, que reuniu na última semana, na Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo, autoridades e especialistas para um debate sobre a importância da informação na formação de uma audiência crítica, desde a infância, e no enfrentamento do fenômeno das fake news.

+ "Existe uma falta de percepção da realidade", diz Renne Robbs
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Para aprofundar esse tema, o SBT News conversou com o secretário de Direitos Digitais e Educação Midiática da Secretaria de Comunicação Social (Secom)João Brant.

João Brant, secretário de Direitos Digitais e Educação Midiática da Secom | SBT News

O secretário falou sobre alguns desafios do governo federal para introduzir a matéria na grade curricular.

"A primeira coisa é pensar em escala. O Brasil não permite que a gente fique pensando em pilotos que não gerem escala. Então, um dos nossos olhares é 'se a educação midiática hoje você tem boas experiências espalhadas pelo país, nós temos que pensar como ela pode ser ampliada no país todo. A segunda coisa é trabalhar em parceria com a sociedade civil. Nós temos muitas experiências ricas na sociedade civil, temos muitos aprendizados".

Brant também destacou a importância da educação midiática na formação dos jovens.

"Nós precisamos garantir que crianças, adolescentes e adultos tenham acesso a políticas de educação midiática. O que a gente chama de educação midiática? É a capacidade de você ler de forma crítica, produzir comunicação e entender esses mecanismos de distribuição atuais. Nós temos hoje uma geração nativa digital, que tem um nível de intimidade super altos com as tecnologias, mas não necessariamente uma visão crítica sobre elas. Então, nós precisamos pensar isso de forma articulada, tanto em diversas áreas do governo federal, quanto com estados e municípios".

SBT News -- Qual é e qual deve ser a política governamental para educação digital hoje? Isso é uma prioridade para o governo de que forma?

João Brandt - Primeiro reconhecimento, que nós precisamos garantir que crianças, adolescentes e adultos tenham acesso à política de educação midiática. O que a gente chama de educação midiático é capacidade de você ler de forma crítica, produzir comunicação e entender esses mecanismos de distribuições atuais. Nós temos hoje uma geração nativa digital que tem um nível de intimidade super alto com as tecnologias, mas não necessariamente uma visão crítica sobre elas, então nós precisamos pensar de forma articulada tanto entre diversas áreas do governo federal quanto com estados e municípios.

SBT News -- Você apresentou sua palestra sobre a inclusão da educação midiática na educação básica do MEC , como vai ser isso?

João Brandt  -- A base nacional comum já prevê de alguma forma esse tema, mas isso precisa se concretizar, não adianta estar no papel se não tiver na sala de aula, no ambiente escolar. Nós temos boas experiências acontecendo, hoje foram apresentadas algumas aqui. O MEC tem um nível alto de compromisso com esse tema e o nosso papel a partir da SECON é garantir que esse tema esteja permanentemente na pauta, na agenda e que a gente consiga cruzar a dimensão de formação de professores, produção de material didático e fazer com que chegue a todos os estudantes em sala de aula.

SBT News -- Existem metas factivas nesses anos?

João Brandt -- Nós estamos com uma consulta aberta no "Participa BR" justamente sobre essa estratégia, para poder se concretizar em metas e entregas bem práticas, na verdade, nós estamos passamos esses meses construindo a proposta de estratégia. O MEC está desenvolvendo, de sua parte, justamente como é que vai ser o caminho para materializar isso em sala de aula e o que a gente pretende fazer é cruzar isso tudo. Tem o Ministério de Direitos Humanos e da Cidadania, Ministério da Saúde, vários ministérios preocupados com tema e se a gente conseguir fazer isso convergir numa agenda completa com metas e nos próximos meses deve ficar mais claro.

SBT News -- Que iniciativa serve de referência para vocês no país e fora?

João Brandt -- Olha nós temos iniciativas importantes em São Paulo, no Rio de Janeiro e  na Bahia. Com alguns sistemas acho que nosso olhar deve entender o que deu certo e o que que não deu certo.

SBT News -- O que que deu certo, por exemplo? 

João Brandt -- Eu acho que uma parte do que a gente sabe que dá certo é que o tema interessa os adolescentes, eles querem discutir o tema, mas nós temos uma parte difícil que às vezes as crianças e adolescentes estão muito mais familiarizado do que os professores com essas ferramentas, agora os professores têm uma bagagem, tem uma capacidade de leitura crítica, tem um histórico que os adolescentes e crianças não têm. Então, como é que a gente cruza isso? Como é que a gente faz com que os professores tenham acesso a um instrumento mais de uso de entender o que tá sendo usado de ponta de tecnologia para trazer consigo esse debate? Um olhar crítico, uma capacidade de pensar essa criação de uma forma arejada. Vamos dizer assim: não é só simplesmente respondendo ao que as tecnologias te induzem.
 
SBT News -- Como acompanhar esse processo diante das evoluções tecnológicas muito acelerada?

João Brandt -- Eu acho que o chat GPT, a chegada forte dele nos mostrou a potência e as carências, quer dizer onde estão os buracos? Onde estão os riscos? Mas onde está a potência! Eu acho que quando a gente olha um copo meio cheio nós não podemos querer ficar falando só da parte meio vazia nem dizer que a parte meio cheia basta. Eu acho que a gente precisa manter o que ele tem e garantir que a gente consiga preencher a parte meio vazio, ou seja, aquela parte que traz riscos para direitos individuais, para dirreitos coletivos, aquilo que a gente precisa trazer em termos de aprendizado para que essas tecnologias não afetem de uma maneira negativa os seus danos que a gente possa poder comemorar os seus benefícios.

SBT News -- Como trabalhar a universalização do ensino junto com a universalização da educação digital diante dos desafios colossais e continentais que existem no nosso país e das grandes diferenças entre as regiões?

João Brandt -- A primeira coisa é pensar em escalas, o Brasil não permite que a gente fique pensando em pilotos que não gerem escalas, então um dos nossos olhares é se a educação midiática hoje tem boas experiências distribuídas pelo país. Nós vamos pensar como é que ela pode ser trabalhada no país todo nessa direção. A segunda coisa é trabalhar em parceria com sociedade civil. Nós temos muitas experiências ricas na sociedade civil nós temos um aprendizado, os governos locais, municipal e estadual e o governo federal precisa aprender com quem nos últimos anos tem me dedicado a esse tema mesmo que eles não tivessem no currículo.

SBT News -- Tem algum exemplo prático pra gente falar aqui?

João Brandt -- Eu acho que "Palavra Aberta", "Núcleo Educação", várias outras iniciativas que vem da sociedade civil e que tem pensado em estimulado ações desse estilo.

SBT News -- Que trabalham em parcerias com educação pública, por exemplo, que leva um projeto da iniciativa privada para educação pública, é isso?

João Brandt -- Exato, na verdade, em geral, são iniciativas sem fins lucrativos, mas que conseguem pela sua missão institucional organizar, pensar, testar, produzir material e, ao mesmo tempo, beber do aprendizado da sala de aula da educação pública. Então, você ganha uma inteligência fora do estado, mas bebendo, alimentando e sendo alimentada pela inteligência que tá dentro do estado

SBT News -- Vamos falar um pouco sobre algumas questões atuais: PL das fake News, você é contra ou a favor e por quê?

João Brandt -- Somos a favor porque ele trata de forma equilibrada, ele promove a liberdade de expressão, mas, ao mesmo tempo, ele promove equilibro de direitos no ambiente digital. Hoje não é possível que crianças e adolescentes consigam conviver com conteúdos criminosos sem que as plataformas tenham obrigações de cuidar desse ambiente digital, não é possível que nós pais e famílias tenhamos que disputar sozinhos contra as big techs, dentro de casa com os nossos filhos, crianças e adolescentes tendo acesso a uma mídia de tecnologias. Por um lado, trazem muitos benefícios, mas por outro trazem problemas, então, de novo aquela metáfora do copo; nós precisamos garantir que a metade meio cheia do copo permaneça mas também conseguir preencher a metade vazia do copo e acho que a PL 2630/2020 avança muito positivamente nessa direção.

SBT News -- Qual é a dificuldade para aprovar ele nesse momento? O governo está trabalhando?

João Brandt -- É "tirar" as fakes news sobre o projeto, porque as pessoas falam como se ele fosse um projeto que fosse limitar a liberdade de expressão, ao contrário, ele promove a liberdade de expressão, ele garante que as pessoas, que as plataformas tenham transparência e uma moderação de conteúdo adequada com regras claras para o usuário, mas, ao mesmo tempo, ele promove o equilíbrio de direitos e é nessa direção que a gente precisaria ir.

SBT News -- A gente está num momento complicado de difusão de possibilidades de ataques às escolas. Como discute essa questão da violência nas escolas hoje em dia?

João Brandt -- Acho que combinando diligência, calma, urgência, quer dizer, você tem uma parte que você precisa entender que é um problema real, mas você não pode se desesperar com ele e esse é um desafio muito grande às vezes nas nossas vidas com outros problemas. Acho que o Ministério da Justiça, Ministério da Educação fizeram um belíssimo trabalho de conseguir atuar de forma rápida, mas sem aumentar o pânico da sociedade conseguindo atuar para controlar os focos de violência que apareceram que foram mapeados pelas redes digitais, mas, ao mesmo tempo, sem transformar isso numa ação de extremo pânico mesmo. Porque se a gente alimenta o pânico, ele não tem como desaparecer, se a gente reconhece o problema no tamanho que ele tem e atua de forma bem precisa a gente consegue segurar e acho que foi o que aconteceu de forma positiva. 

SBT News -- Quais são os três próximos passos do governo nesse trabalho de educação digital de inclusão da educação digital nas escolas? 

João Brandt --  Estamos com uma consulta aberta no "Participa BR" devemos ter uma audiência pública aí no meio de junho em Brasília sobre esse tema, mas também com participação remota e nós temos nas diferentes áreas do governo pensado a questão de uma orientação por um uso seguro e saudável das telas por crianças e adolescentes para que a gente tenha novidades aí nos próximos meses.

Confira a entrevista na íntegra com o secretário de Direitos Digitais e Educação Midiática do Governo Federal, João Brant:

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade