Haitianos refugiados no Brasil têm dificuldade em reunir a família
Mudanças no passaporte humanitário podem ajudar na concessão de vistos para parentes de imigrantes
Simone Queiroz
Haitianos que vivem refugiados no Brasil enfrentam dificuldade para exercer o direito de reunir a família. Os altos custos e a burocracia para conseguir o visto para os parentes são alguns dos motivos que mantêm pais e filhos afastados.
No entanto, a partir deste mês, uma mudança na política migratória para quem tem o passaporte humanitário pode acabar com esse drama e realizar o sonho de muitos refugiados.
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É o caso de Joel e Lourise, que têm no coração uma palavra que o português define bem: "saudade". É pela ausência dos filhos que moram em Porto Príncipe com parentes, apesar dos pais viverem no Brasil.
Joel veio para o país em 2016, e pediu reunião familiar, mas, em 2019, o governo brasileiro ignorou que o núcleo era formado por 4 pessoas, e liberou a vinda de apenas uma. Veio Lourise e, desde então, o casal tenta, na Embaixada brasileira no Haiti, o visto de viagem dos filhos.
"Não consegui agendar na embaixada", lembra Joel. Até então, era necessário entregar uma série de documentos, comprovando o vínculo familiar, antecedentes criminais. O que parece simples, mas não é, em um país que enfrenta tantos conflitos sociais e violência, como o Haiti. Depois, fazer a tradução oficial, no Brasil, o que aumenta os custos.
Agora, o Governo Federal simplificou o processo. A entrega da documentação passa a ser online, no Portal do Imigrante, do Ministério da Justiça.
"Que vai ser encaminhado para o Ministério das Relações Exteriores, e eles vão entrar em contato com os haitianos, que estão no Haiti, dando o visto para eles entrarem no país", acrescenta a coordenadora nacional de Imigração, Ciomara Mafra dos Reis.
A mudança deve beneficiar diretamente cerca de 3.000 haitianos que, diante da dificuldade de trazer a família, entraram na Justiça para valer o direito que eles têm. Sem contar todos os outros que nem recorreram ao judiciário, como o Joel. Agora, o governo adverte que simplificar não significa menos rigor na análise dos pedidos.
"Nós estamos pedindo as declarações e, caso tenha documentos que são falsos, a pessoa vai responder criminalmente", coordenador-geral de Política Migratória, Paulo Illes.
Os processos devem levar cerca de 30 dias. O sonho de Lourise é que Rachelle e Scriven venham logo para que a família aguarde, completa, a chegada de uma brasileirinha que vai nascer em setembro.
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