Três brasileiros que fugiram da guerra no Sudão chegam ao Brasil
O caminho de volta para casa foi uma saga, perigosa e extensa, que durou mais de 60 horas
Gudryan Neufert
Três brasileiros que conseguiram fugir do conflito armado no Sudão chegaram ao Brasil nesta 5ª feira (27.abr).
+ Leia as últimas notícias no portal SBT News
Os confrontos entre um grupo paramilitar e o Exército do país africano já mataram mais de 500 pessoas, em menos de duas semanas. Agora longe da guerra, não faltaram alívio e emoção aos brasileiros na volta para casa.
Foi o abraço mais aguardado da vida de Matheuzinho. Ao desembarcar no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos, o jogador de futebol ganhou o carinho da esposa e do filho de oito meses.
"Eu tô muito feliz, tô muito contente. Ainda a ficha não caiu porque eu vi amigos sendo mortos, eu passei próximo de corpos e o que a gente não quer pra gente a gente não deseja pra ninguém, sabe?", disse o atleta em sua chegada.
A família levou uma faixa para receber o atacante. A mulher e o filho estavam prestes a ir para o Sudão, quando começou a crise.
"Ele fez o pedido do visto pra gente ir e tava esperando. Aí, do dia pra noite, estourou a guerra", conta Jéssica Perez.
Além de Matheuzinho, vieram no voo de Doha, no Catar, o fisioterapeuta Joelson Amorim e o lateral-direito Alex da Silva, que fez conexão para Belo Horizonte.
"Uma situação que ninguém esperava, passar por uma guerra. Nunca passei por isso: tiroteio, bombas, mísseis, falta de comida, essas coisas todas", diz Alex.
Os outros seis brasileiros que trabalhavam no futebol do Sudão e uma funcionária do consulado do Brasil, que desembarcariam nesta 5ª, no Rio de Janeiro, perderam a conexão em Londres e devem chegar só na 6ª feira.
Eles escaparam do conflito armado, que já dura 12 dias, entre o Exército do Sudão e um grupo paramilitar. O comando do Exército sudanês concordou em estender o cessar-fogo por mais 72 horas, enquanto muitos governos ainda tentam tirar seus cidadãos do país africano.
Para os brasileiros, o caminho de volta para casa foi uma saga, perigosa e extensa. Foram mais de 60 horas de viagem de ônibus, carro, barco e avião. O grupo saiu da capital Cartum e foi até fronteira com o Egito. De lá, para o Cairo, de onde seguiu para a capital do Catar, Doha, e, finalmente, de Doha para São Paulo.
"A gente só saiu de lá porque a gente tinha condição, porque as pessoas estão usando de guerra pra ganhar dinheiro de pessoas de forma que não é correto", diz Matheuzinho.
Leia também: