Dia dos povos indígenas é comemorado pela primeira vez após mudança de nome
No Pará, lideranças aproveitaram a data para cobrar proteção do território indígena
Nara Bandeira
O Brasil celebrou nesta 4ª feira (19.abr), pela primeira vez, após a mudança do nome, o dia dos povos indígenas. Representantes dos povos Tembé e Turiwara estiveram em Belém (PA) para denunciar o conflito com um grupo empresarial que produz óleo de palma - o azeite de dendê - em Tomé Açu, no nordeste do Estado.
A empresa afirma ter autorização da justiça para manter os indígenas afastados da área de produção. O clima é tenso na região desde o ano passado.
"Nós estamos morrendo dentro do nosso território, nós estamos sendo criminalizado dentro do nosso território.", diz Paulo Turiwara, líder indígena.
A proteção dos territórios indígenas está entre os desafios enfrentados no país que, pela primeira vez, celebra o 19 de abril não mais como dia do índio, e sim, dos povos indígenas. A alteração na lei ocorreu em julho do ano passado.
"No Brasil hoje somos trezentos e cinco povos indígenas, duzentos e setenta e quatro línguas faladas, e essa diversidade toda se retrata quando a gente consegue, né? Essa mudança de dia do índio para o dia dos povos indígenas.", diz a ministra dos Povos Indígenas - Sônia Guajajara.
O ministério dos povos indígenas lançou, nesta 4ª feira, a campanha "Nunca mais um Brasil sem nós" para reafirmar compromissos como a demarcação de terras e a educação dentro dos territórios.
A região norte é a que concentra a maior quantidade de indígenas no país. O Pará tem mais de 60 mil representantes de 55 povos que ocupam 20% do território.
E pela primeira vez, o estado tem uma secretaria dos povos indígenas, criada para cuidar de políticas públicas, como a preservação das terras dos povos originários. A titular, Puyr Tembé, foi empossada na semana passada. Representatividade que, para os indígenas, garante mais fôlego na luta pela vida.
"Nós acreditamos que um pé de bacuri, um pé de uso, um pé de piquiá, se não for derrubado, pode dar sobrevivência para os nossos filhos." afirmou Paulo Turiwara.