Justiça manda soltar suspeito de planejar ataque a bomba em show de Lady Gaga no Rio
Homem estava preso há uma semana no Rio Grande do Sul; defesa alega que ele teve o IP clonado por suspeito apontado como mentor do atentado
Karyn Souza
A Justiça do Rio Grande do Sul revogou, neste sábado (10), a prisão preventiva de um dos suspeitos de planejar um ataque a bomba durante o show de Lady Gaga, no último fim de semana, em Copacabana, no Rio de Janeiro. Morador de Novo Hamburgo, na região metropolitana de Porto Alegre, Luis Fabiano da Silva estava preso há uma semana.
Na decisão, o juiz plantonista Jaime Freitas da Silva acatou o argumento da defesa de que, até o momento, Luis Fabiano não foi apontado como integrante do grupo que supostamente praticaria o atentado, no inquérito que tramita na Comarca do Rio de Janeiro.
Os advogados afirmam ainda que o cliente foi preso após a pessoa apontada como mentora do ataque utilizar um número de IP - endereço de identificação única de cada máquina ou servidor de internet - que pertence a ele. Para a defesa, o IP de Luis Fabiano foi clonado pelos criminosos.
"Não está sendo investigado, no momento, pela comarca do Rio de Janeiro/RJ, como um dos envolvidos na suposta tentativa de atentado e seu nome somente veio à tona, em face de o número do IP constar no rol dos utilizados pelo mentor da prática delituosa", observa o magistrado.
Em relação a esse argumento, o juiz cita o relatório técnico sobre as provas digitais no processo, elaborado pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público do Rio Grande do Sul, o qual, na avaliação dele, reforçaria a tese de que o IP de Luis Fabiano teria sido clonado. "Obviamente, que a presente decisão não tem o condão de afastar em definitivo a responsabilização dele no atentado, inclusive porque as investigações deverão ser concluídas na comarca do Rio de Janeiro", ele ponderou.
No documento, Jaime Freitas da Silva menciona também o fato de que, inicialmente, o homem foi preso em flagrante e indiciado por porte irregular de três armas de fogo. Na ocasião, ele foi conduzido à delegacia e liberado após pagamento de fiança. A pena para o crime, previsto no Estatuto do Desarmamento, é de 1 a 3 anos de detenção e além de multa.
O juiz determinou o cumprimento de medidas cautelares, sob pena de nova decretação de prisão: comparecimento bimestral na sede da comarca onde reside para se apresentar e justificar atividades, comunicação de qualquer alteração de endereço e número de telefone e, determinação de não se ausentar da comarca onde mora, por mais de 15 dias, sem comunicar o juízo onde poderá ser localizado.
Operação 'Fake Monster'
Policiais civis do Rio de Janeiro, em conjunto com o Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab) do Ministério da Justiça e Segurança Pública, identificaram uma ameaça de ataque a bomba no show de Lady Gaga.
A investigação identificou que os envolvidos disseminavam discurso de ódio e recrutavam participantes para promover ataques com uso de explosivos improvisados e coquetéis molotov. Segundo a Polícia Civil, o plano visava atingir crianças, adolescentes e o público LGBTQIA+ e era tratado como um "desafio coletivo" na internet.
O alerta do esquema criminoso partiu da Subsecretaria de Inteligência da Polícia Civil do Rio. A operação, nomeada "Fake Monster", também contou com apoio das autoridades dos estados de São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.