100 dias: Governo Lula concentra comunicação digital no Twitter
Rede tem o menor número de usuários no Brasil e reduz capacidade de Planalto alcançar mais eleitores
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), os seus ministros e a primeira-dama Rosângela Lula da Silva, a Janja, definiram o Twitter como a principal plataforma de comunicação digital do governo nos primeiros 100 dias da atual gestão. Do total de posts produzidos pelo grupo em seus perfis oficiais nas redes, 53% foram publicados na rede de Elon Musk, o Twitter, 26% no Instagram e 21% no Facebook. O levantamento divulgado nesta 2ª feira (10.abr) é da empresa Bites, que trabalha com inteligência de dados a partir da análise de informações e comportamentos identificados no universo digital.
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A decisão de priorizar o Twitter reduz a capacidade do governo federal em amplificar suas mensagens mais importantes, uma vez que a rede é a que tem o menor número de usuários no Brasil: 20 milhões. O Facebook é o mais popular, conta com 151,4 milhões e o Instagram tem 122,6 milhões.
A falta de uma estratégia digital mais estruturada, que já teria sido identificada por aliados do presidente, fica visível quando comparada a audiência das publicações de Lula desde o primeiro dia de mandato. Das 116 milhões de interações dos seguidores em comentários, curtidas, compartilhamentos e retuítes do petista, 91 milhões (78%) ocorreram no Instagram.
Produção de conteúdo
No contexto do governo federal, o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência da República, Paulo Pimenta, foi o que mais produziu conteúdo em suas redes sociais desde 1º de janeiro. Foram 2.946 posts, sendo 54% no Twitter.
Lula fez 1.644 publicações (61% de tweets) e o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flavio Dino, ficou em terceiro com 1.037 posts (60% de tweets).
No campo das interações, o presidente Lula alcançou 116,7 milhões e a segunda posição ficou com a primeira-dama Janja com 13,4 milhões, superando todos os ministros e registrando o dobro de Flávio Dino, o terceiro colocado nesse ranking.
Na falta da estratégia digital, o governo ficou mais dependente da cobertura da mídia clássica, que publicou 1,8 milhão de reportagens em sites, veículos impressos, rádios e emissoras de TV. Mas, a agenda de governo ficou atrás de temas como o 8 de janeiro e a polarização com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Juntos, Lula e Bolsonaro foram citados em 37% dos textos no universo da mídia desde 1º de janeiro. O debate da taxa de juros apareceu em 11% das publicações, segundo o estudo da Bites.
Polarização: Lula x Bolsonaro
Nos seus primeiros 100 dias, a base de seguidores do presidente Lula no Facebok, Twitter e Instagram cresceu 7,4% com o acréscimo de 1,9 milhão de perfis. Hoje, ele tem 27,5 milhões de seguidores. Mas, a polarização com o ex-presidente Bolsonaro está mantida.
Mesmo perdendo 50 mil seguidores desde 1º de janeiro, Bolsonaro ainda continua com forte densidade digital. Nesse período, ele conseguiu 100 milhões de interações em seus posts (16 milhões menos do que Lula) e continua com mais seguidores: 58,2 milhões.
O ecossistema de informação
Os cinco principais sites de notícias ? veículos da mídia clássica e grandes portais estão excluídos desse universo ? alinhados com a administração do presidente Lula registraram 75,2 milhões de visitas nos últimos 100 dias. No campo bolsonarista, as páginas de apoio ao ex-presidente alcançaram 145 milhões de visitas.
No campo de influenciadores digitais, os 15 mais relevantes de apoio a Lula ganharam 1,2 milhão de seguidores desde 1º de janeiro e hoje essa rede tem uma alcance de 69,3 milhões de seguidores. Na mesma comparação, os 15 perfis mais relevantes do campo bolsonarista conquistaram 416 mil novos seguidores e hoje somam 40 milhões.