Número de vistos concedidos a refugiados angolanos aumenta 455%
Destino do Brasil mais procurado pelos imigrantes angolanos é a capital paulista

José Luiz Filho
O Brasil tem atraído cada vez mais angolanos, que buscam melhores condições de vida. O número de vistos concedidos a esses refugiados aumentou 455% em quatro anos. E o destino preferido deles é a capital paulista.
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Uma jovem angolana chegou a São Paulo no fim de fevereiro. Aos 25 anos, solteira, ela deixou para trás os amigos, a família e um filho de 2 anos. "Trabalho lá é um pouco difícil. Tive que sair de lá para receber uma vida melhor aqui", fala.
Atravessar o Atlântico em busca de oportunidades no Brasil tem sido a escolha de um grande número de angolanos, atraídos, também, pela facilidade da língua em comum. Segundo o Ministério da Justiça, só em janeiro deste ano, entraram no país 300 angolanos. Esse número já corresponde a um terço do total registrado no ano passado. E na comparação com o primeiro mês de 2019, ocorreu o aumento de 455%.
E a quantidade desses refugiados pode ser até maior, já que muitos se mantêm na clandestinidade. O padre Paolo Parisi é coordenador da Missão Paz, iniciativa que há mais de 90 anos acolhe imigrantes. Para ele, a atenção dada aos angolanos pelas autoridades é menor do que a oferecida a quem chega de outros países, como Haiti e Venezuela.
O destino mais procurado por esses imigrantes de Angola é a capital paulista. Muitos chegam em família e, na maior parte dos casos, sem nenhum contato, amigo, parente ou conhecido. E para se estabelecer, inicialmente contam com apoio do poder público. Atualmente, 85% das 772 vagas oferecidas pelos cinco centros de acolhida ao imigrante da prefeitura de São Paulo estão ocupadas por angolanos.
Além da hospedagem, faz parte do atendimento buscar vagas para as crianças na escola, além de oferecer serviços de saúde e trabalho para os adultos. "Eles conseguem rapidamente. Nós temos parcerias com ONGs, fazemos vários grupos aqui de trabalho, para orientar como proceder numa entrevista, fazemos mutirão de currículos", afirma Ester Costa, assistente social.
É justamente trabalho que a angolana ouvida pela reportagem espera conseguir em breve, para realizar algo que deseja muito: "também quero que minha família venha aqui. Estou tão bem que ficaria aqui para sempre".