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Tratamento de AVC ainda não tem data para ser oferecido pelo SUS

Capaz de salvar vidas ou reduzir sequelas, a trombectomia deveria chegar ao sistema em dezembro de 2022

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O sorriso é de quem nasceu de novo. Aos 34 anos, Camila teve um AVC, o Acidente Vascular Cerebral. A fala ficou comprometida e ela perdeu o movimento do lado direito do corpo. Mas, poderia ter sido muito pior, se ela não tivesse sido submetida a um tratamento chamado trombectomia.

"Eu estou agora vivendo normal, com a minha independência funcional normal. Eu viajo sozinha de novo, cuido dos meus filhos, entendeu?", conta a fisioterapeuta aposentada Camila Cerqueira.

A trombectomia mecânica é um procedimento parecido com o cateterismo. Com um stent móvel, é possível retirar o coágulo de sangue, que causa o AVC Isquêmico.

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O paciente que faz o procedimento tem 3 vezes mais chance de ficar sem sequelas, segundo os médicos. Se elas existem, são leves, como as de Camila.

A má notícia é que o tratamento ainda não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que significa que, hoje, uma minoria das pessoas que sofrem um AVC ganha a oportunidade de recuperar a qualidade de vida.

O procedimento custa cerca de R$ 20 mil e é feito em hospitais particulares. É oferecido por apenas 4 hospitais públicos no país: em Santa Catarina, em São Paulo, no Espírito Santo e no Ceará. Os próprios estados financiam o tratamento, mas toda a rede pública tem estrutura para realizar a trombectomia, de acordo com a presidente da Organização Mundial de Acidente Vascular Cerebral, Sheila Martins.

"O Ministério da Saúde financiou um estudo para ver se o tratamento funcionaria no Brasil. E é um grande orgulho nosso. Nós lideramos esse estudo e provamos que sim, apesar de toda a estrutura logística e treinamento que precisa, que o tratamento funciona nos pacientes do sistema público de saúde", explica a presidente da organização.

Em agosto do ano passado, o então ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que o procedimento estaria em alguns centros especializados do SUS até o fim de 2022.

"São 88 centros no Brasil, que realizam o tratamento especializado ao AVC, mas não são todos esses 88 centros que vão ter essa tecnologia em um primeiro momento", declarou o Queiroga, na época.

Em nota, o Ministério da Saúde informa que a gestão anterior não destinou recursos para implementar o tratamento. Mas, afirma que pretende efetivar a oferta do procedimento no SUS.

Cristina sofre até hoje as consequências de não ter recebido um tratamento adequado. Ela fundou uma associação para lutar pelos direitos de quem, como ela, foi vítima do AVC.

"Quando eu tive em 2017, 1 em cada 6 pessoas ia ter um AVC. Agora, é 1 em cada 4. É muita gente, e nem todas sobrevivem", pondera a presidente da Associação AVCista Brasil, Cristina Simões.

Camila não só sobreviveu, como também deixa uma lição: "existe vida depois do AVC, e eu sou prova disso".

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